Exportadores exigem liberação total de Paranaguá aos transgênicos

São Paulo – Os exportadores de soja decidiram insistir na liberação integral da instalações do porto de Paranaguá para os embarques de transgênicos. Na quarta-feira, a Administração Portuária de Paranaguá e Antonina autorizou os embarques de soja transgênica apenas pelo berço 206 do porto. O berço está vinculado ao terminal da Bunge alimentos. O silão e mesmo outros terminais privados continuam impedidos de embarcar produto geneticamente modificado.

Fonte de um dos terminais de Paranaguá afirmou que não haveria soja no porto suficiente para iniciar embarques segregados. Segundo a mesma fonte, os exportadores não estão direcionando maior volume de soja até o porto. No momento, haveria 30 carretas com a carga geneticamente modificada no porto. "As empresas exigem utilizar seus próprios terminais", explica a fonte. "Não faz sentido pagar uma taxa de serviço quando se tem terminal próprio."

Por ter um calado baixo, o berço 206 não tem condições de carregar navios de mais de 30 mil toneladas. A opção, continua essa fonte, é deixar o barco semi-carregado com soja transgênica e levá-lo ao corredor de exportação para fazer o "Top Off" com soja convencional. "Só que uma operação dessas significa um aumento de custo de US$ 20 mil, por baixo."

O secretário executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Mendes, afirma que a APPA não tem justificativa técnica para proibir os embarques de soja transgênica pelo corredor de exportação. "Paranaguá exporta três tipos de farelo de soja diferentes, açúcar de tipos diferentes, e não há qualquer problema de mistura das mercadorias", afirma. "Há perfeitas condições de garantir um embarque de soja convencional se for a vontade do importador."

Segundo o secretário executivo da Anec, a Autoridade Portuária está apenas tergiversando para justificar o descumprimento da ordem judicial. "A ordem libera os embarques para todo o porto, não há justificativa para a medida adotada", diz. O mercado, assim, espera nova investida dos exportadores na Justiça.

Na semana passada, representantes da Anec tiveram encontro com o atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Segundo Mendes, o ministro teria prometido atuar para que o porto fosse liberado para os embarques de soja transgênica. "Estamos esperando", destaca.

Mendes afirma que o clima de incerteza em relação aos embarques de soja por Paranaguá poderá levar as tradings a buscar mais soja na Argentina. "Em 2004, as empresas acabaram comprando 1 milhão de toneladas a mais da Argentina por esperarem problemas em Paranaguá", diz. "Esses problemas só não vieram porque a safra quebrou. Mesmo assim, o Brasil deixou de faturar US$ 340 milhões ao não exportar esta soja."

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