Além de dobrar o faturamento com os embarques de produtos agrícolas nos últimos cinco anos, os exportadores brasileiros conseguiram outro feito: diversificar os destinos, estratégia classificada como fundamental para evitar percalços no comércio exterior. Análise feita por Matheus Zanella, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nos dados da balança comercial do agronegócio entre 2000 e 2006 mostra que as exportações do campo para os novos mercados cresceram a taxas mais altas do que as vendas a importadores tradicionais.
"Não significa que as exportações para mercados tradicionais estão caindo, mas o ritmo de crescimento dos embarques para mercados emergentes é maior, pois as economias desses países crescem num ritmo mais aquecido", disse Zanella.
A tendência de descentralização das exportações do campo foi confirmada na semana passada, quando o Ministério da Agricultura divulgou os números da balança comercial do agronegócio em 2006. De acordo com o assessor da CNA, os países da União Européia (UE) compraram 40% dos produtos agrícolas exportados pelo Brasil em 2000. Apesar de manter a liderança, a participação da UE no bolo caiu para 31,4% no ano passado, o que significa US$ 15,5 bilhões do total de US$ 49,4 bilhões obtidos com as exportações agrícolas.
Em contrapartida, a Ásia, que respondia por 13,5% das exportações agrícolas em 2000, aumentou sua participação para 19% em 2006. Os exportadores brasileiros faturaram US$ 9,4 bilhões com as vendas agrícolas para a Ásia no ano passado. Em seis anos, a receita cambial com esse comércio cresceu 256%, segundo o levantamento da CNA. A arrancada da Ásia foi impulsionada, entre outros fatores, pela demanda chinesa por soja em grão.
Zanella também destaca a Rússia, que nos últimos seis anos passou de 12º para 4º maior mercado comprador de produtos agrícolas do Brasil, impulsionada pelo comércio de carnes. A análise individual mostra que as vendas de etanol aos Estados Unidos elevaram a participação do mercado americano no total exportado pelo Brasil. Em 2000, 18% dos produtos agrícolas vendidos pelo Brasil iam para os EUA. Em 2005, a participação foi de 13,7% e cresceu para 14,2% no ano passado. Outro destaque foi o Irã, que importou soja e carnes do Brasil e entrou na lista dos 10 maiores compradores de produtos agrícolas brasileiros em 2006.
O assessor da CNA ratificou estimativa divulgada na sexta-feira pelo ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, de crescimento de 10% a 15% nas exportações agrícolas em 2007. Segundo Zanella, os preços internacionais dos principais produtos exportados devem subir e a expectativa é de aumento no volume embarcado. "As perspectivas são muito boas para soja, carnes e para o setor sucroalcooleiro." De acordo com o ministério, os embarques de açúcar e álcool cresceram 243% de 2002 a 2006, a maior alta entre os produtos agropecuários, nesse período.
