As exportações do Mercosul (formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai)
atingiram em 2004 US$ 135,6 bilhões, uma cifra jamais alcançada desde a criação
do bloco, em 1991. A informação é do diretor da Secretaria do Mercosul, o
brasileiro Reginaldo Braga Arcuri, que se baseia em dados do Centro de Estudos
Bonaerense, instituição de análise econômica de Buenos Aires.
As
exportações do bloco foram 27% superiores as de 2003, quando atingiram US$ 106
bilhões. A participação brasileira foi destaque. Do total exportado em 2004 pelo
bloco (US$ 135,6 bilhões), o Brasil foi responsável por US$ 96,47 bilhões, ou
seja, 71%.
Também as exportações intrazona, aquelas que são feitas entre
os países do Mercosul, voltaram a patamares históricos, alcançando US$ 17
bilhões.
"Isso demonstra que, seja qual for o ângulo pelo qual se
analisa hoje a evolução do Mercosul, primeiro institucional, depois a questão
mais estritamente política e finalmente a econômica, o bloco se consolida,
avança e aproveita muito esse momento de estabilidade macroeconômica e de
avanços nos contatos entre os agentes privados", analisa Arcuri.
Para
ele, o aumento das exportações do bloco está relacionado a vários fatores: todos
os quatro países, a partir de 2002, adotaram regimento de câmbio flutuante,
desvalorizaram suas moedas para níveis "mais realistas" e buscaram equilíbrios
fiscais com a adoção de "uma rigidez orçamentária muito importante".
Além
disso, Arcuri cita os programas nacionais de apoio às exportações, as promoções
comerciais conjuntas e a conquista de novos mercados para os produtos do bloco.
"Houve um aumento de compras por parte de alguns dos grandes motores da economia
mundial, além dos tradicionais, como os Estados Unidos e a União Européia. O
próprio Japão começou a se recuperar um pouco e, acima de tudo isso, a China é
hoje um voraz consumidor de bens que os nossos países produzem".
Levando
em conta apenas as relações comerciais com o Brasul, a China comprou, em 2004,
US$ 5,43 bilhões – 20% a mais que em 2003. "É uma conjuntura extremamente
favorável, que depende um pouco de temas fora do nosso controle, como são esses
efeitos do comércio internacional sobre a nossa produção. Mas [o crescimento das
exportações dependem] muito de esforço interno, de busca de estabilidade, e de
preparação dos países para serem jogadores permanentes e importantes no comércio
internacional", afirma.