As exportações brasileiras do agronegócio totalizaram US$ 31,774 bilhões entre janeiro a agosto deste ano, 10,9% acima do valor exportado em igual período de 2005. Somente em agosto, as vendas do setor atingiram US$ 5,179 bilhões, o que representou um crescimento de 18% em relação ao mesmo mês do ano passado. Os números da balança comercial do setor foram divulgados ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
De acordo com a Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa, no acumulado do ano, as importações totalizaram US$ 4,182 bilhões. Como conseqüência, o superávit do setor foi de US$ 27,592 bilhões. Tanto o valor das exportações quanto o superávit do agronegócio são recordes históricos para períodos de janeiro a agosto.
Nos oito primeiros meses do ano, os destaques foram para as vendas externas de cereais, farinhas e suas preparações (116,7%); açúcar e álcool (47,5%); sucos de frutas (23,6%); papel e celulose (21%). Em agosto, a balança comercial do agronegócio registrou superávit de US$ 4,559 bilhões, também recorde para meses de agosto. As importações do mês somaram US$ 620 milhões.
As exportações do setor sucroalcooleiro cresceram 86,2% em agosto, sendo que as vendas de açúcar aumentaram 53,2% devido à elevação dos preços (em torno de 60%). O valor exportado de álcool aumentou 319,8%, resultado de um aumento de 137% na quantidade embarcada e preços 77% acima dos registrados em agosto de 2005.
Além do açúcar e do álcool, o Mapa destacou o crescimento, em agosto, das exportações de papel e celulose (38,2%); sucos de frutas (15,3%); café, chá mate e especiarias (14,4%); fumo e tabaco (13,2%). As vendas externas de carnes (bovina in natura, frango e suína) apresentaram um crescimento de 10,4% em agosto, passando de US$ 843 milhões para US$ 930 milhões.
Acumulado
No período de setembro de 2005 a agosto de 2006, as exportações brasileiras do agronegócio totalizaram US$ 46,714 bilhões, 12,2% acima do valor exportado entre setembro de 2004 e agosto de 2005, que foi de US$ 41,642 bilhões. As importações foram 19,3% superiores aos doze meses anteriores, com gastos de US$ 6,013 bilhões. Com isso, o superávit comercial acumulado nos últimos 12 meses foi de US$ 40,7 bilhões.
UE ainda tem dúvidas sobre controle fitossanitário
Genebra (AE) – Os veterinários europeus não se convenceram sobre garantias brasileiras de controle fitossanitário dos produtos e pediram mais tempo para dar um sinal verde às carnes, frutas e outros alimentos exportados pelo Brasil. Ontem, em Bruxelas, veterinários dos 25 países da União Européia (UE) se reuniram para tratar da situação do Brasil. Não houve acordo e, diante da resistência de alguns especialistas, um novo encontro foi agendado para o fim do mês. Por enquanto as carnes de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná continuam embargadas por causa da aftosa.
A Comissão Européia, braço executivo do bloco, sugeriu que o embargo às carnes fosse mantido nos três estados, mas que não atingisse outros locais. E recomendou a exigência de novos testes para que o pescado brasileiro entre no mercado. Mas deu a entender que o controle de resíduos em frutas e carnes estava aprovado.
Para que as propostas sejam adotadas, os 25 veterinários, cada um de um país do bloco, devem dar seus votos. Ontem alguns especialistas levantaram dúvidas quanto à capacidade do Brasil de garantir qualidade européia na produção e pediram mais tempo para estudar o caso.
O governo da Irlanda entendeu que o controle de resíduos no País não era satisfatório. O Ministério da Agricultura do país chegou a receber um pedido do setor privado para que o caso fosse levado ao Tribunal Europeu se a Comissão Européia se recusasse a impor novas barreiras aos produtos brasileiros.
?Temos preocupações em relação a certos produtos e podemos tomar algumas medidas. Mas decidimos adiar por enquanto as decisões?, afirmou Phillip Tod, porta-voz da área da Comissão Européia encarregada da defesa da saúde do consumidor.
Um dos fatores que pode estar atrasando uma decisão dos veterinários é o Brasil ter enviado as informações solicitadas pela UE no último dia útil de agosto, prazo final dado pelos europeus para que Brasília desse alguma explicação. Diplomatas brasileiros em Bruxelas evitaram o pior, avisando o Ministério da Agricultura da necessidade das informações. Caso contrário, o embargo entraria em vigor no primeiro dia de setembro.
Pressão
Nos próximos dias, enquanto os veterinários europeus estudam a situação no País, o setor privado promete fazer pressão por barreiras. Isso porque o problema fitossanitário acaba se tornando uma justificativa para que os europeus tentem impedir a concorrência brasileira.
Itália, Holanda e Reino Unido estão entre os cinco maiores destinos das exportações nacionais de carnes no mundo. Novas barreiras, portanto, poderiam afetar diretamente a balança comercial em 2006. Entre janeiro e julho, as exportações de carne bovina chegaram a US$ 2 bilhões, 15% a mais que o mesmo período de 2005.