Exportações de ônibus superam vendas no mercado interno

São Paulo – Pela primeira vez, as exportações de ônibus do Brasil vão ultrapassar o volume das vendas internas. As montadoras devem vender fora do País quase 20 mil veículos de transporte de passageiros, mais da metade da produção prevista para o ano, de cerca de 36 mil unidades. O mercado doméstico deve consumir perto de 15,6 mil chassis de ônibus, uma queda de 11% na comparação com o ano passado.

O Brasil também deve ultrapassar os Estados Unidos em volume de produção de ônibus e encerrar 2005 como segundo maior fabricante mundial, atrás apenas da China. Segundo projeções da Lafis Consultoria, Análises Setoriais e de Empresas, a produção brasileira deve representar pouco mais de 12% do total de ônibus a serem fabricados este ano em todo o mundo. Os Estados Unidos ficarão pouco abaixo desse porcentual, na terceira posição no ranking mundial, enquanto a líder China manterá sua fatia próxima a 33% do volume total.

Mesmo com o real valorizado frente ao dólar, fato apontado pelas empresas como prejudicial às exportações do setor automobilístico, as vendas externas de ônibus devem crescer 60% este ano. Em 2003 e 2004, o incremento foi de 38% e de 39%, respectivamente. "Em 2006, as exportações continuarão crescendo porém, em ritmo menor, na casa de 11%", calcula o analista setorial da Lafis, Tiago Salvestrini Franceschini.

Até novembro, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as exportações de ônibus somam 17,6 mil unidades, 56,4% a mais que em igual período de 2004. As vendas internas somam 13,7 mil unidades, 12 5% abaixo do mesmo período de 2004, enquanto a produção acumulada é de 33,4 mil veículos, um aumento de 24,4% na comparação com o ano passado.

"As vendas externas batem sucessivos recordes e o País vem se transformando em plataforma exportadora de ônibus", confirma o economista da LCA Consultores, Bráulio Borges. O maior mercado brasileiro atualmente é o Chile.

Veículos especiais

A indústria brasileira de ônibus é uma das mais experientes do mundo, tanto na fabricação de chassis como de carrocerias, afirma o presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus, Roberto Cortes. O País tem tecnologia para desenvolver produtos especiais para mercados como o Oriente Médio, para onde são enviados ônibus sem teto para o transporte de peregrinos a Meca, como os da Marcopolo, ou veículos robustos para enfrentar estradas ruins na África do Sul. A Volkswagen já embarcou mais de 1,3 mil ônibus para diversos países neste ano.

Atualmente, a maior exportadora brasileira de ônibus é a Mercedes-Benz, que entre janeiro e outubro vendeu no mercado externo 10.474 unidades, volume 56,5% maior que o de igual período de 2004. Os principais clientes na América Latina são Chile e Argentina. No Oriente Médio, são Egito e Arábia Saudita. A montadora também iniciou este ano vendas para o Irã e para o Catar.

A Volvo fechou o maior contrato de exportação do grupo, para o envio de 1.779 ônibus articulados para o Chile, 510 deles com chassis produzidos pela matriz sueca da empresa. Os veículos começaram a ser entregues em junho e o contrato, no valor de US$ 400 milhões, deve ser finalizado até o próximo mês de fevereiro.

A Scania, que tem mais da metade da sua produção voltada ao mercado externo, mudou sua estratégia de férias coletivas de fim de ano justamente para não interromper o embarque de veículos no período de fim de ano. Desde 2004, os trabalhadores dividem as folgas em duas etapas, em dezembro e julho.

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