Rio ? As exportações brasileiras de carne bovina dificilmente atingirão a meta prevista para este ano de U$ 3 bilhões, em função da crise da febre aftosa no país. A avaliação foi feita hoje (25) pelo diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Jorge Camardelli.

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O empresário contestou a declaração feita ontem (24) na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) pelo secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, de que o problema da aftosa não vai afetar o desempenho das exportações este ano, cuja meta é atingir U$ 117 bilhões.

Camardelli disse que, em relação ao quantitativo, "doutor Ramalho tem autonomia suficiente e conhecimento para dizer que não vai afetar. Mas ele deve estar imaginando, na minha opinião, que outros setores vão fazer a cobertura dessa quantidade que a gente esperava alcançar, mas não vai alcançar".

Acrescentou que "esse raciocínio dele deve ser extensivo ao quantitativo do país para exportação. Mas, seguramente, não engloba especificamente a área de carne". Camardelli afirmou que o setor vai esperar finalizar o mês de outubro para ter uma idéia de quanto as exportações de carne bovina serão prejudicadas pelo problema da aftosa.

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Segundo revelou Camardelli, os exportadores estão prevendo para outubro um fechamento nas vendas ao exterior 30% menor do que em setembro. Essa retração deverá se acentuar em novembro, atingindo, "no mínimo", 40%. "Pela necessidade de reestruturação desse efeito dominó, ou seja, o retorno dos países e o timing que os frigoríficos têm de ter para redirecionar as suas produções e exportações, nós vamos ter aí um prejuízo um pouco maior em novembro em relação a esses 30%", indicou Camardelli.

O diretor-executivo da Abiec disse que novembro deverá ser o mês mais crítico para o setor exportador de carne bovina. Ele acredita, entretanto, que a partir do trabalho conjunto que vem sendo empreendido pelo setor privado e o governo já se possa iniciar, em dezembro, uma retomada das exportações.

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De acordo com dados da Abiec, de janeiro a setembro deste ano somente os frigoríficos paulistas enviaram à União Européia U$ 400 milhões em exportações de carne bovina. Com o embargo às exportações, a entidade estima que será difícil manter essa receita. As exportações de carne bovina representam cerca de 8% do total de U$ 45 bilhões exportado pelo agronegócio, informou a assessoria de imprensa da Abiec.

Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que as exportações de carne bovina in natura registraram em setembro receita de U$ 210 milhões. O resultado ficou 18% abaixo do obtido em agosto deste ano, embora apresente incremento de 8,8% sobre as vendas efetuadas em setembro do ano passado. No acumulado janeiro/setembro de 2005, as exportações de carne bovina do Brasil somaram U$ 1,9 bilhão.