As exportações de carnes bovinas em volume caíram 13,79% em abril em razão dos embargos provocados pela febre aftosa, segundo balanço divulgado hoje (10) pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). A entidade também indica a valorização do real diante do dólar como fator que agrava as vendas externas do setor.
Em abril, a indústria exportou 194.124 t de carnes bovinas contra 252.180 t no mesmo mês do ano passado. O faturamento ficou praticamente estável, subiu de US$ 252,2 para US$ 252,3 milhões, graças à elevação de preços médios do produto no mercado externo e ao esforço exportador do governo e dos empresários para agregar valor e melhorar a qualidade exportada.
O balanço dos primeiros quatro meses ainda foi positivo, com um crescimento da receita bruta de 16,24% (de US$ 872 milhões para US$ 1,014 bilhão) e de 2,43% em volumes (de 698.609 t para 715.614 t).
Segundo a assessoria de imprensa da Abiec, o embargo total às carnes bovinas brasileiras pela Rússia em razão da febre aftosa, a partir de dezembro, levou à queda das exportações em abril. A Rússia respondia por fatia significativa do crescimento de exportações, apesar de adquirir apenas carne "in natura" e miúdos e não comprar carne industrializada.
Do primeiro quadrimestre do ano passado para o deste ano, as importações de carne in natura da Rússia haviam subido de 55 mil t para 105,7 mil ton (+ 92%) e a receita de US$ 62 milhões para US$ 139 milhões (+122%). Mas em abril, isoladamente, as importações russas em volume caíram 70,11% e a receita outros 59,47%, em razão do embargo, levando-a para a quarta posição no ranking de compradores.
Apesar do índice de crescimento percentual de receitas ser mais de seis vezes superior ao de volumes exportados, no comunicado à imprensa a Abiec destaca especialmente a valorização cambial do Real como fator para a queda. "A valorização do real tem sido um desastre para o agronegócio e em particular para os exportadores de carne", diz presidente da entidade, Marcus Vinícius Pratini de Morais.
Sobre os embargos, o texto diz que "em relação ao volume embarcado, os embargos sem qualquer consistência técnica – como é o caso do Chile, que há oito meses não compra um quilo de carne do Brasil – têm sido responsáveis pelo tímido crescimento no período". O Chile é protegido da maioria das pragas dos cultivos e criações dos países vizinhos pela barreira natural da Cordilheira dos Andes e mantém uma política de controle e destruição de alimentos in natura em suas fronteiras.