Exportações brasileiras podem cair, diz presidente do Banco Central

A economia mundial poderá entrar em uma fase de desaceleração, alertou o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. "Não acredito num arrefecimento muito grande da atividade", afirmou. "O mais provável é que ocorra um arrefecimento moderado." Para o Brasil, a conseqüência poderá ser a queda nas receitas com exportações.

"Os mercados já sinalizaram na semana passada que os preços de algumas commodities poderão cair", comentou. Se essa é uma tendência, porém, é algo que ainda não se pode avaliar. "Os mercados podem ter feito alguma antecipação", comentou Meirelles no Conselho Regional de Contabilidade de Goiás.

Para Meirelles, o País tem de estar preparado para enfrentar esse quadro não tão favorável. Para isto, será necessário, de acordo com o presidente do BC, manter as principais linhas da política econômica conduzida pelo governo. "Não é porque está tudo dando certo que podemos relaxar e gastar um pouco mais", alertou. "Não podemos ser complacentes.

Os compromissos com uma política monetária responsável, a austeridade fiscal e o câmbio flutuante garantiram, na visão de Meirelles, uma melhora dos fundamentos econômicos do País nos últimos três anos

"Se compararmos a evolução da semana passada com o que aconteceu em 2002, vamos ver que o Brasil melhorou muito", afirmou. Ele lembrou que, no passado, os efeitos de uma crise internacional sobre o Brasil eram muito mais fortes. "Agora não. Quem sabe uma gripe forte lá fora possa até ser uma gripe mais fraca aqui.

Para Meirelles, se forem mantidas as linhas da atual política econômica, o Brasil estará pronto para suportar uma eventual elevação dos juros nos Estados Unidos em níveis acima do esperado. "O Brasil hoje tem do comercial acumulado em 12 meses de US$ 45 bilhões, uma conta corrente positiva e reservas internacionais em quase US$ 64 bilhões", disse. É uma situação confortável. No passado recente, o País teve de se financiar em mercado mesmo em condições desfavoráveis por não ter os recursos necessários para enfrentar uma conjuntura adversa.

Mantido o rumo da política econômica, o País poderá crescer acima de 4% em 2007, disse Meirelles. Para este ano, ele mantém a previsão otimista de uma expansão de 4%. Para alcançar esses resultados, insistiu, será necessário o cumprimento da meta de superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB). "Mantendo a disciplina fiscal é que o Brasil continuará crescendo", afirmou.

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