Transformar a imagem do Paraná de produtor de marcas de terceiros para criador de moda. É nesse objetivo que as entidades e os empresários do setor de confecções paranaense concentram seus esforços atualmente. Segundo eles, esse é o caminho para agregar valor ao produto brasileiro e vencer a concorrência dos importados.
De acordo com o gerente de comércio exterior da Vestpar (Associação Paranaense da Indústria Têxtil e do Vestuário), Milton Rossi, já se progrediu muito nesse sentido. Até 2002, o Paraná era quase que unicamente um pólo de facções. Ou seja, um produtor de marcas de terceiros, entre elas as principais grifes do país e algumas internacionais. Mas um projeto da Vestpar em parceria com a Apex (Agência de Promoção de Exportações Brasileiras) voltado totalmente à exportação fez com que esse cenário começasse a mudar. O projeto subsidia a participação de expositores brasileiros em feiras internacionais e promove rodadas de negócios tanto no Brasil quanto no exterior. ?É um projeto voltado à promoção. Muitas empresas que nunca tinham pensado em comércio exterior começaram a exportar?, afirma Rossi.
Com isso, as exportações de confecções paranaenses cresceram 356% entre 2002 e 2004, enquanto as exportações brasileiras do setor no mesmo período cresceram 60%. Os produtos mais exportados são o jeans e a moda praia. Os Estados Unidos são o destino da maior parte das confecções paranaenses.
Para exportar, as empresas, que até então só fabricavam para terceiros, começaram a produzir marcas próprias. Segundo a Vestpar, das 4,6 mil indústrias de confecções que o Paraná possui atualmente, mais de 3 mil já trabalham com marcas próprias. De acordo com o presidente do Sivepar (Sindicato das Indústrias do Vestuário do Paraná), com sede em Londrina, e diretor de comércio exterior da Vestpar, Marcos Tadeu Koslovski, já existe um trabalho nesse sentido, que vem dando resultado. Londrina já tem 70% de indústrias trabalhando com marcas próprias. ?Estamos trabalhando para consolidar uma nova imagem de criador de moda. Em Londrina, por exemplo, a produção para grandes marcas, como Hugo Boss e Zoomp, nos trouxe experiência e é um atestado de nossa qualidade. Mas agora queremos dar visibilidade para a criatividade paranaense, agregando valor e criando marcas próprias?, explica.
Mas isso ainda pode melhorar e, para tanto, as entidades cobram do governo um apoio também em relação ao mercado interno. ?Nas exportações, que são interessantes ao Governo Federal por causa da balança comercial, o apoio é muito grande. Mas quando se trata de mercado interno, não há interesse?, lamenta Rossi.
Um dos fatores que tem atrapalhado o crescimento do setor internamente é o aumento das importações, principalmente da China, por causa do fim das barreiras tarifárias com aquele país. Para Valdir Scalon, presidente da Vestpar, é necessário que o governo brasileiro aja como fazem os governos de quase todos os países, protegendo o que é produzido no país com taxas maiores aos importados. ?Se temos tantas empresas de confecções, o governo precisa privilegiar o produto nacional para que esse mercado sobreviva?, explica Scalon. Para ele, a realização de feiras técnicas, como a 1a. Conftec ? Feira de Fornecedores da Indústria de Confecção, que acontece de 24 a 27 de agosto de 2005, no Centro de Exposições de Curitiba ? Parque Barigui, é sempre importante e necessária. ?Feiras técnicas agregam valor e são válidas para dar visibilidade ao setor?, afirma.
