Exploração de petróleo atrai até pequeno empresário

Rio (AE) – O principal interesse dos proprietários da Clínica de Repouso São Marcelo, em Aracaju, é dar bom tratamento a pacientes portadores de distúrbios mentais e dependência química. Mas a empresa familiar, controlada há 29 anos por José Hamilton Maciel Silva e administrada por seu filho Erharde, também investe na produção de petróleo.

A clínica é um exemplo de que a tentativa de atrair investidores para o setor, colocada em prática este ano pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), chamou a atenção de empresas dos mais variados gêneros. Na lista de 114 habilitados para a 7.ª rodada de licitações de áreas para exploração e produção de petróleo no País, que começa amanhã (17), no Rio, estão, entre outras, a clínica de José Hamilton, a firma de design Sinalmig Programação Visual e a empresa estadual Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais.

"Não queremos ficar com todo o dinheiro parado em banco" diz Erharde. "No início do ano, entramos em um empreendimento no setor hoteleiro e, agora, decidimos apostar no petróleo."

A São Marcelo vai disputar campos com acumulação marginal – aqueles abandonados pela Petrobras, mas ainda com reservas – em Sergipe. "Calculamos que o retorno será menor do que outros investimentos, como renda fixa, mas é mais rápido, porque depende apenas da velocidade com que conseguiremos recuperar os poços", explica Silva.

A inclusão de áreas abandonadas pela estatal é a grande novidade deste leilão, aponta o diretor-geral interino da ANP, Haroldo Lima. O objetivo é incentivar a criação de pequenas petroleiras nacionais. "Esses pequenos campos não interessam a grandes petroleiras, mas têm grande potencial de geração de riqueza."

Lima se diz surpreso com o número de interessados neste tipo de campo – 89 empresas vão disputar as áreas, a maioria estreante no setor de petróleo.

Os poços oferecidos estão fechados, mas ainda têm reservas de petróleo e gás natural. O potencial de produção é pequeno e os investimentos para a reativação, também. Em um teste feito pela ANP na Bahia, foram necessários R$ 300 mil para retomar as operações em poços que produziram, em 2004, uma média de 18 barris por dia – ou 6,5 mil barris durante todo o ano. Em uma conta simples, com a cotação do petróleo a US$ 60 por barril o projeto renderia US$ 390 mil no ano.

O diretor da ANP ressalva, porém, que o valor de venda do petróleo vai depender de negociações com a Petrobras, que já se comprometeu a comprar a produção dos pequenos empresários. Transporte e qualidade do petróleo produzido podem reduzir o preço final.

Especialistas no setor alertam, porém, que a operação de campos abandonados apresenta riscos, principalmente, em questões ambientais e quando os investidores não têm conhecimento. Por isso, diz Lima, a ANP determinou que os interessados comprovem a contratação de técnicos especializados para se habilitar ao leilão.

Na área do gás, pela primeira vez, um governo estadual se inscreveu para a disputa: Minas Gerais tem duas empresas habilitadas, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais e a Gasmig, distribuidora de gás canalizado no Estado.

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