Uma expedição de ambientalistas vai percorrer em barcos e canoas o Rio Ribeira de Iguape, no Vale do Ribeira, para protestar contra projetos de construção de hidrelétricas no único grande rio do Estado de São Paulo que ainda não tem barragens. As embarcações serão lançadas no rio na quarta-feira, em Sete Barras. Por água, ou por terra nos trechos mais críticos, o grupo deve chegar na foz, em Iguape, litoral sul de São Paulo, no dia 7.
Os manifestantes vão cobrar também a retomada das obras de fechamento do Valo Grande, nesse município, que estão paradas há quase 20 anos. O Ribeira é o maior rio de São Paulo que deságua no Atlântico. Das 4 hidrelétricas projetadas para o rio, a do Tijuco Alto, proposta pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do grupo Votorantim, está mais adiantada. Depois de várias alterações, o projeto ultrapassou as etapas iniciais do processo de licenciamento ambiental. O plano prevê a construção da usina na divisa dos estados de São Paulo e Paraná.
De acordo com o ambientalista Nilto Tatto, do Instituto Socioambiental (ISA), uma das entidades organizadoras da expedição, comunidades quilombolas, caiçaras, índios e de pescadores tradicionais serão prejudicadas pela barragem. A região concentra a maior área contínua de remanescentes de Mata Atlântica do País, com formações florestais, restingas, manguezais e um dos maiores complexos de cavernas do Brasil. Parte dela é considerada Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco.