Brasília – A expectativa do mercado financeiro para a inflação de 2006 ficou mais próxima da meta oficial de 4 50% definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em pesquisa semanal divulgada hoje (1) pelo Banco Central (BC), a projeção das instituições financeiras para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano recuou pela segunda semana consecutiva, caindo de 4,64% para 4,59%.
"A revisão para baixo das estimativas vem sendo feita após a constatação de que a alta dos preços em janeiro foi mesmo pontual", disse a economista Marcela Prada, da Consultoria Tendências. A previsão de variação do IPCA nos próximos 12 meses recuou de 4,46% para 4,43%.
A disparada dos preços em janeiro havia levado a um descolamento das previsões de mercado para a inflação de 2006. "Antes do resultado de janeiro, a expectativa de mercado para o IPCA estava em cima da meta central de inflação de 4,50%", lembrou a economista. Ela aposta agora na continuidade da melhora das previsões de mercado para o comportamento dos preços e não descarta a hipótese de as projeções voltarem a ficar em linha com a meta fixada pelo CMN. "É possível que as previsões voltem para a marca dos 4,50%", disse.
O comportamento do câmbio, segundo Prada, será um dos principais fatores para que isso venha a ocorrer. Ela observou que a estimativa do mercado para a taxa média de câmbio já vêm recuando por cinco semanas seguidas na pesquisa do BC. No último levantamento, a previsão recuou de R$ 2,26 para R$ 2,24 por dólar.
A melhora da expectativa para a inflação deve abrir espaço para uma queda maior dos juros ao longo do ano. "As previsões de juros para o fim do ano caíram pela segunda vez na pesquisa e já estão em 14,50%", ressaltou Prada. O porcentual é 0,50 ponto menor do que os 15% projetados pelo mercado há quatro semanas. A curto prazo, o mercado financeiro manteve a aposta na cautela do Comitê de Política Monetária (Copom) e numa queda de apenas 0,75 ponto porcentual dos juros na reunião da próxima semana. "A expectativa é de que o BC mantenha sua política de redução gradual dos juros", disse a economista.
Prada destacou que as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano também têm ajudado a melhorar as previsões de inflação. "Uma taxa de expansão de 3,50% está dentro das potencialidades de nossa economia e não chega a representar nenhum risco de inflação de demanda", disse. O porcentual esperado pelo mercado, no entanto, tem ficado abaixo dos 4% projetados pelo próprio BC e ainda mais distantes dos 5% estimados por integrantes do primeiro escalão da equipe econômica do governo.