O exame das 11 das 21 vísceras retiradas do rebanho bovino abatido no Paraná sob a suspeita de ter contraído febre aftosa deu resultado negativo, mas isso não vai mudar a posição do Ministério de Agricultura sobre a incidência da doença nem a situação do Estado junto à Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), que suspendeu suas exportações de carne.
A necropsia dos animais foi uma exigência dos proprietários de sete fazendas que tiveram seu rebanho total ou parcialmente abatido, num total de 6.781 cabeças, para retirar da Justiça as ações que moviam para impedir o sacrifício.
Se os exames concluírem que o rebanho não estava contaminado, os proprietários – que já foram indenizados pelo gado abatido em cerca de R$ 5 milhões – pretendem processar os governos do Paraná e da União por danos morais e lucros cessantes. A mesma atitude poderá ser tomada pelos produtores de aproximadamente 800 fazendas que foram interditadas por seis meses, período em que o Paraná ficou sob a suspeita da aftosa.
O exame foi feito no Laboratório Nacional de Agricultura de Belém (PA) sob a supervisão de técnicos do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa(Panaftosa) coordenados pela veterinária Rossana Allende, que esteve nos locais onde os animais foram sacrificados para recolher as amostras. As 11 análises, segundo a assessoria de imprensa do Panaftosa "não permitem um diagnóstico conclusivo". A avaliação das demais amostras deve ser concluída até o final do mês, quando expira o prazo de 90 dias estabelecido para a divulgação do diagnóstico. O Paraná finalizou o abate dos animais considerados infectados em 28 de março.
Um técnico do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura confirmou o resultado negativo das 11 amostras, mas disse que o diagnóstico definitivo, a cargo do Panaftosa, somente poderá ser concluído após a análise dos exames restantes que serão confrontados com as demais análises feitas durante o processo de observação do rebanho paranaenses.
Mais de 700 amostras sorológicas foram examinadas e apontaram, em alguns casos, que os animais haviam tido contato com o vírus – um dos requisitos da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) para a confirmação da doença. Os exames de Probang, capazes de permitir o isolamento do vírus, no entanto, deram resultado negativo.