O diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-presidente do Banco Central, Carlos Geraldo Langoni, afirmou que é "uma ilusão" achar que a economia mundial pode crescer sempre, de forma indefinida. "Os ajustes são inevitáveis", alertou o economista em palestra no seminário "Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2007", realizado hoje pela FGV no Rio de Janeiro.

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Ele deixou em aberto, porém, se as turbulências recentes no mercado financeiro mundial "são só um ajuste ou se é um sinal amarelo de alguma crise mais grave que pode acontecer". O economista disse que tem trabalhado com cenários de aterrissagem suave da economia mundial. "Não existe mundo sem volatilidade", acentuou.

Ele lembrou, porém, que a vulnerabilidade interna e externa do Brasil foi muito reduzida nos últimos anos. "A dívida externa não foi nem tema do debate eleitoral", lembrou. O economista defendeu, porém, que o Brasil precisa de reformas, "resistir à tentação da heterodoxia e construir bases sólidas para o crescimento sustentável".

Para o diretor da Ciano Investimentos e ex-diretor do Banco Central, Ilan Goldfajn, a volatilidade no mercado financeiro mundial não deve interromper o ritmo de redução da taxa Selic (juro básico da economia brasileira), que ele acredita que deverá se manter ao ritmo de 0,25 ponto percentual em cada reunião do Copom. "A inflação no Brasil é baixa", disse Goldfajn justificando a sua previsão.

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Ele disse também que a política de compras de dólares pelo Banco Central garantiu um alto nível de reservas e evita que, em situações de crise, o dólar tenha uma volatilidade muito grande. Ele não arriscou prever as possíveis conseqüências da continuidade das turbulências sobre o crescimento econômico brasileiro. Disse apenas que se tudo continuasse como antes (sem a volatilidade internacional), o Brasil deveria crescer este ano mais do que no ano passado.