Depoimento da psicóloga e ex-mulher do deputado cassado José Dirceu (PT-SP) Maria Ângela Saragoça à Polícia Federal revela detalhes de misteriosa triangulação de venda de um apartamento dela a Rogério Tolentino, sócio do empresário Marcos Valério, e ao então presidente do Banco Popular, Ivan Guimarães. Ela contou os meandros do negócio em 30 de março deste ano, na Superintendência da PF em São Paulo. O documento integra o inquérito do mensalão, que tramita no Supremo Tribunal Federal e ao qual o Estado teve acesso. O depoimento, tomado por ordem do procurador-Geral da República, Antonio Fernando de Souza, pode complicar Dirceu
Até agora, sabia-se que a ex-mulher do ex-deputado havia comprado apartamento em 2003 com dinheiro obtido, em parte, junto ao Banco Rural. A CPI dos Correios também descobrira que Ângela conseguira um emprego no Banco BMG por intermédio de Valério
O novo depoimento comprova que as transações entre o grupo de Valério e a ex-mulher de Dirceu não se limitaram ao empréstimo no Rural. Ângela diz que, antes de comprar o novo imóvel, vendeu seu antigo apartamento a Guimarães, ligado ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, e a Tolentino
Ela conta que Guimarães deu como sinal de compra R$ 20 mil em dinheiro, mas não quis registrar o apartamento em seu nome. A cronologia da venda e a da compra, meses depois, sugerem relação entre a ex-mulher de Dirceu, Guimarães e Tolentino.
Ângela diz que contou a Dirceu, em 2003, que queria comprar novo apartamento, mas ele teria afirmado que não poderia ajudar. Dois meses depois, porém, ela pôs o imóvel à venda, e o primeiro interessado foi Guimarães, que ela falou não conhecer até então. Ângela afirma que apareceram para fechar o contrato Guimarães e Tolentino – no nome dele o imóvel foi registrado. Dois meses depois, ela comprou o novo apartamento