Lisboa (AE) – Ainda na condição de ministro da Casa Civil, o deputado José Dirceu (PT-SP) pediu em junho, na sua última passagem por Lisboa, um encontro com o ministro português responsável pela área de telecomunicações. O governo de Portugal confirmou hoje que Dirceu queria se reunir com o ministro de Obras Púbicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, que substituiu Antônio Mexia no cargo após as eleições de fevereiro.
Mexia foi o ministro que recebeu o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, no ano passado, apresentado pelo presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa. Mexia chegou a declarar ao jornal português "Expresso" que o empresário mineiro teria se apresentado como "consultor" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o Ministério de Obras Públicas, Transportes e Comunicações, o pedido de Dirceu não foi atendido. "O tal encontro não se chegou a realizar", afirmou a assessoria de imprensa do ministro. O governo português não informou, porém qual seria a agenda da reunião nem o motivo que impossibilitou o encontro.
O então ministro Dirceu esteve na capital portuguesa nos dias 7 e 8 de junho, quando se reuniu com empresários e políticos. Na semana passada, porém, o embaixador do Brasil na capital portuguesa, Antônio Paes de Andrade, garantia, em conversas com jornalistas, que Dirceu havia passado por Lisboa apenas para "reuniões acadêmicas com intelectuais de esquerda".
Depoimento – A Portugal Telecom não quis comentar as declarações feitas ontem (09) por Valério à CPI do Mensalão. O depoimento – acompanhado atentamente pela empresa – confirmou o que foi dito pelo presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa. Ele alega que não recebeu Valério quando o empresário foi à empresa acompanhado pelo tesoureiro do PTB, Emerson Palmieri.
Segundo a reportagem apurou no sábado (06), Marcos Valério foi barrado por ter feito – na reunião anterior, cerca de dois meses antes -, uma proposta de intermediação da compra da Telemig Celular em troca de uma comissão.