São Paulo (AE) – Uma parte da história contada pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) sobre as relações entre o PT e a empresa Portugal Telecom já havia sido confirmada pelo ex-ministro de Obras Públicas, Transportes e Comunicações de Portugal, António Mexia. Há cerca de três semanas, Mexia declarou, em entrevista ao jornal português Expresso, que recebeu o publicitário Marcos Valério Fernandes de Sousa, acusado de ser o operador do mensalão, no final do ano passado. Segundo o ex-ministro, que deixou o cargo com a troca de governo em dezembro, foi uma única visita, de cortesia, a pedido do presidente mundial da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa.
As declarações do ex-ministro ao Expresso foram dadas após a publicação de uma entrevista de Roberto Jefferson ao mesmo jornal. Naquela entrevista, o deputado disse que Valério esteve com Mexia "três ou quatro vezes".
A Portugal Telecom divulgou nota hoje (2) negando as declarações de Jefferson, que acusou o deputado José Dirceu (PT-SP) de ter feito uma "aproximação" da empresa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, em troca, a empresa faria um acordo para colocar em dia as contas do PTB e do PT. "O Grupo Portugal Telecom esclarece que nunca teve qualquer conhecimento ou participação com o objetivo de organizar um encontro com representantes dos partidos políticos PT e PTB em Lisboa, Portugal."
A companhia, que no Brasil é dona de 50% da empresa de telefonia celular Vivo, admite que, "por força dos investimentos que possui no País, mantém contatos institucionais com o governo autoridades políticas, meios empresarial, social e cultural". A companhia encerra a nota afirmando que sempre agiu "de forma ética e com absoluta transparência em suas iniciativas empresariais".
Banco Espírito Santo – Jefferson também envolveu no esquema de corrupção o Banco Espírito Santo (BES), um dos principais acionistas da Portugal Telecom e que, de acordo com o jornal Expresso, teria ligações muito próximas com Miguel Horta e Costa.
De acordo com as declarações de Jefferson ao Expresso, Marcos Valério teria pedido para ele usar de sua influência e favorecer o BES em contratos do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). A operação poderia render uma comissão de R$ 100 milhões ao BES. O deputado petebista declarou ainda haver "fortes ligações contratuais" entre o BES e a direção do PT. A publicação das denúncias de Jefferson sobre o BES foram negadas pelo banco português, que cancelou seus contratos de publicidade com o Expresso.