Indiciado por corrupção, fraude em licitação e formação de quadrilha, no inquérito da Operação Vampiros, o ex-ministro da Saúde, Humberto Costa, afirmou que colocou à disposição da Justiça e do Ministério Público os seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. Ele disse que não teme a investigação, que indicou a existência de uma República de Pernambuco no comando das fraudes, e considera que houve precipitação do delegado Marcelo Moseli, encarregado do caso. "Não há como não desconfiar de conotação política desse indiciamento", criticou.

continua após a publicidade

Candidato ao governo de Pernambuco pelo PT, Costa garantiu que foi sua a iniciativa de mandar investigar e desmontar a organização criminosa que atuava na Pasta desde 1992. Na tentativa de reverter os danos à sua candidatura, o ex-ministro visitou a 10ª Vara da Justiça Federal, onde corre o inquérito, e o procurador da República Gustavo Pessanha, que analisa o oferecimento de denúncia contra ele e mais 41 acusados de envolvimento no esquema. Pessanha informou, por meio da assessoria, que até o próximo dia 15 dará seu parecer sobre o oferecimento ou não de denúncia contra os envolvidos.

A PF apurou que em 13 anos de atuação na área da Saúde, a quadrilha manipulou licitações no montante de R$ 4,3 bilhões e teria dado um prejuízo superior a R$ 2 bilhões aos cofres públicos. O esquema consistia em fraudes nas licitações para compra de hemoderivados, medicamentos e equipamentos para os programas do Ministério da Saúde a preços superfaturados. O esquema começou no governo Fernando Collor, prosseguiu nos dois mandatos do governo Fernando Henrique Cardoso e foi acolhido por dirigentes petistas levados para o Ministério por Costa e pelo ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, um dos indiciados.

Costa disse à justiça e ao procurador que a acusação da PF contra ele baseia-se exclusivamente no depoimento do empresário Laerte Correa, também suspeito de integrar a quadrilha. "Qualquer investigação séria vai comprovar que eu fui a pessoa que denunciou o processo, que tomei todas as atitudes necessárias para evitar que essa quadrilha atuasse no Ministério. Estou, na verdade, sendo punido pelo fato de ter denunciado", acrescentou.

continua após a publicidade