Piracicaba, 31 (AE) – Com 120.412 votos (68,20% dos votos válidos), o ex-ministro da Saúde, Barjas Négri (PSDB), foi eleito neste domingo (31) prefeito de Piracicaba (SP). O candidato Roberto Morais (PPS) alcançou os 56141 votos (31,80% dos válidos), pouco mais de mil votos além de seu resultado no primeiro turno. Dos 230 mil eleitores de Piracicaba, localizada a 170 quilômetros da capital, 193.278 (83,86%) foram às urnas na primeira vez que a cidade elegeu um prefeito em segundo turno. A eleição foi tranqüilo e a apuração das 469 urnas terminou às 21h15.
Négri receberá a prefeitura do petista José Machado e terá apenas 5,5% do orçamento de 2005 (R$ 15 milhões) para investir em seu primeiro ano de governo. “Não é muito, mas tenho 25 anos de vida pública e pretendo trabalhar com economia, controle e gestão de gastos”, declarou o prefeito.
Négri, que já foi secretário de Planejamento do governo do Estado de São Paulo e ministro da Saúde, afirmou que levar atendimento aos postos de saúde, fornecer medicamentos em dia e garantir acesso a exames médicos, são suas prioridades em 2005. “Falo isso por minha experiência no Ministério e pela expectativa da população.”
Composição – Coligado com PP, PTB, PFL, PHS e PSB, o PSDB de Négri saiu de um terceiro lugar no primeiro turno para a Prefeitura. O prefeito eleito nega que cargos tenham sido negociados durante a campanha, mas admite a possibilidade de quadros de partidos apoiadores assumirem algumas das secretarias. “Se houver técnicos mais competentes em outros partidos eu não terei dúvida em chamá-los”, disse Négri.
O ex-presidente do PMDB piracicabano, Antonio Faganello, disse que “em nenhum momento ficou combinado, mas Barjas afirmou que gostaria da nossa participação”. Faganello foi deposto da presidência do PMDB local depois de contrariar a orientação superior de apoiar o PPS de Morais. O presidente da Câmara de Vereadores, João Manoel dos Santos, reeleito pelo PTB para o quinto mandato, diz que espera continuar a composição que levou Barjas Négri à Prefeitura. Santos é um dos seis vereadores que compõem a base de apoio ao prefeito eleito. Os outros 10 vereadores eleitos fazem parte da coligação que apoiou Roberto Morais. “Espero que os vereadores pensem menos em seus partidos e mais em fazer o bem para Piracicaba na hora de votar projetos” declarou o prefeito eleito.
Atraso – O deputado federal John Hermann (PPS) esteve hoje em Piracicaba e lamentou o resultado das eleições. “Com a eleição do Barjas, voltam ao executivo todos aqueles que já assaltaram a Prefeitura em governos passados”, declarou. Hermann não poupa nomes e cita entre possíveis futuros quadros administrativos o ex-prefeito Antonio Carlos de Mendes Tahme, e o ex-presidente do Serviço Municipal de Água e Esgoto, José Edgard Camolese. “A eleição do Barjas é um atraso. Ele que não conte comigo para nada”, completou Hermann.
O prefeito eleito negou estar planejando trazer de volta ex-secretários. “Vou fazer um governo de renovação, e espero que o Hermann seja mais sério e trabalhe pela cidade”. Négri não descartou porém a possibilidade de contratar técnicos que fizeram parte de administrações anteriores.
Censura – Durante a campanha, o PSDB entrou com pedido de liminar na 93ª Zona Eleitoral para impedir que o jornalista Cecilio Elias Netto escrevesse sobre política até hoje, dia do pleito. O partido alegava estar sendo prejudicado pela parcialidade do jornalista. A decisão do juiz eleitoral João Valente foi favorável ao PSDB e nos últimos dias, Cecilio deu receitas de pizza em sua coluna no jornal de Piracicaba. Lamentando a “censura”, hoje Valente declarou que não se tratou de censura mas de um enquadramento do pedido na lei eleitoral.
O prefeito eleito disse que a liminar foi pedida no “calor da campanha”, e que ele pretende ter uma relação amistosa com a imprensa.
