O ex-diretor de Administração dos Correios Antônio Osório Batista disse hoje que o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) nunca pediu para ele ajudar a arrecadar fundos para o partido. "Ele nunca me solicitou nada", disse Osório, que foi indicado para o cargo pelo PTB. Osório fez as declarações em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga denúncias de corrupção na estatal.

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Em depoimento à CPMI, o deputado Roberto Jefferson disse que o PTB solicita aos seus indicados a cargos públicos que ajudem a arrecadar recursos para o partido pedindo doações a empresas privadas. "Por que os partidos buscam nomear os cargos de governo? Para ter um homem numa área importante de decisão, que estabeleça uma relação com as empresas privadas que gravitam em torno dessa área, para, na seleção de algumas ? isso respeitando parâmetros éticos ?, pedir àquele empresário que possa contribuir com o caixa do partido que representa aquela pessoa", afirmou.

O ex-diretor Antonio Osóerio disse hoje que discorda da tese de Jefferson e que, como condição para sua indicação, não houve nenhuma vinculação com meta de arrecadação. "Se faço um bom trabalho, é bom para o meu partido", afirmou. Antônio Osório e o então presidente do PTB, Roberto Jefferson, foram citados pelo ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Materiais dos Correios Maurício Marinho em uma gravação divulgada em maio pela imprensa. No vídeo, Marinho recebe R$ 3 mil como suposta propina e fala sobre um suposto esquema de corrupção na estatal, que teria o PTB como beneficiário.

Os parlamentares da CPMI começaram a ouvir o ex-diretor na manhã do dia 30 de junho, mas o depoimento foi interrompido para que se ouvisse antes o deputado Roberto Jefferson. Antônio Osório voltou a afirmar que não sabia das atividades de Marinho. Osório acredita que o ex-chefe de departamento foi "leviano" nas afirmativas e que quis mostrar prestígio para ter facilidades. "Todo mundo sabe que ele não tinha aquele poder", disse.

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O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) disse que há muitas contradições no caso que envolve os Correios e que o depoimento de Osório se choca com outros. "É uma questão que temos que aprofundar também para verificarmos quem diz a verdade, quem diz o quê nesse estranho caso que envolve os Correios", disse. "Tem muita coisa obscura que mostra que realmente ali talvez tenha tido tudo um pouco: chantagem, corrupção, disputa pelos espaços empresariais, entre outras coisas que evidentemente a cada dia parece que se tornam mais claras à CPI dos Correios", afirmou.

O deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) disse que, em geral, todas as pessoas que estão depondo na CPMI procuram "se esquivar". "Procuraram se esquivar e não enfrentam aquilo que realmente nós queremos saber: que é onde estava o foco de corrupção. Quem realmente participou desse processo? E essa briga e disputa dos partidos políticos", afirmou.

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