Brasília ? Em depoimento à CPI dos Bingos, o ex-diretor da empresa Gtech Brasil, Marcelo José Rovai, afirmou que o ex-secretário municipal de Ribeirão Preto, Rogério Buratti, na gestão do atual ministro Antonio Palocci, e o ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz, queriam propina da Getch no processo de assinatura dos contratos com a Caixa Econômica Federal. Rovai foi um dos negociadores da renovação do contrato entre a empresa e a CEF em 2003.
"O Rogério Buratti pediu R$ 6 milhões para que o contrato entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e a Gtech fosse renovado", afirmou. Em 17 de fevereiro de 2003, contou o ex-diretor, aconteceu a primeira reunião entre Gtech e Waldomiro Diniz. Na noite de 31 de março de 2003, véspera da assinatura da renovação do contrato, Waldomiro ligou para o então presidente da Gtech, Antônio Carlos Lino da Rocha, solicitando um novo encontro, na manhã do dia seguinte.
"Waldomiro chegou à reunião e foi direto ao ponto. Disse que para assinatura do contrato ser confirmada será necessário a contratação de um consultor. Não citou nome, mas disse que nós seríamos procurados", disse.
Marcelo Rovai informou que o ex-advogado da empresa, Enrico Gianelli, ligou no dia seguinte, 01 de abril de 2003, afirmando que estava tudo certo com o contrato, porém a única pendência seria a não contratação de um consultor, que segundo ele, seria o ex-secretário Rogério Buratti. O ex-diretor disse ainda que a solenidade de assinatura do contrato foi adiada para o dia 2 por problemas na agenda do presidente Lula que também participaria do ato.
Segundo Rovai, na manhã no dia 02, aconteceu uma reunião entre o ex-presidente da Gtech e Rogério Buratti. "Vocês vão assinar um contrato com a CEF dando 15% de desconto. Se tivessem me contratado antes, pagariam 8% para Caixa e a diferença ficaria pra mim", contou Rovai, dizendo que Buratti não fez meias palavras para ir direto ao assunto. "Agora, vocês pagarão os 15% e mais a minha parte", teria dito Buratti, de acordo com o ex-diretor que também participou do encontro.
De acordo com Rovai, Waldomiro pressionou a Gtech para a contratação de um consultor e chegou a sugerir outros nomes além de Buratti. "Marcamos uma reunião com Waldomiro e informamos que não contrataríamos o consultor. Ele [Waldomiro] ficou transpassado".