Brasília ? O ex-comandante das forças militares da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), general Augusto Heleno Ribeiro, negou que tenha havido violação de direitos humanos por parte das tropas durante a atuação naquele país. A denúncia foi feita à Organização dos Estados Americanos (OEA) por um grupo de organizações não-governamentais americanas.
Ao afirmar que a acusação não tem fundamento, o general destacou que o respeito aos direitos humanos é a linha divisória entre os regimes totalitários e a democracia. Para ele, estão envolvidos na denúncia grupos que teriam interesse na volta do ex-presidente do Haiti Jean Bertrand Aristide ao poder.
"Se eles querem a volta do presidente, usem as suas armas. Agora eu não posso dar importância a essas acusações, porque não têm fundamento. Se tivessem fundamento eu estaria preocupado, porque, obviamente, ninguém está lá para fazer genocídio ou matar gente inocente", afirmou o general, que hoje (23) participou de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara das Deputados.
Segundo Ribeiro, a denúncia é contra uma operação realizada pelas tropas militares da Minustah, no dia 6 de julho, no bairro Cité Soleil, com o objetivo de prender Tred Wilmé, líder de uma das principais gangues da capital haitiana, Porto Príncipe. A ação resultou na morte de Wilmé e de cinco pessoas ligadas a ele. "Eles [os autores da denúncia] alegaram que aquela operação teve efeitos colaterais que poderiam até caracterizar um genocídio", disse o general.
Ele acrescentou que, um dia depois da ação, apareceram mais corpos na região onde a operação foi realizada e que a autoria dessas mortes foi atribuída às tropas militares pelas organizações não-governamentais. "No dia seguinte ao da operação, recebemos informações e as rádios haitianas começaram a noticiar que os próprios remanescentes da gangue executaram um monte de possíveis informantes que nos deram condições de realizar a operação", explicou.