O deputado e ex-bispo da Igreja Universal Wanderval Santos (PL-SP), que teve a cassação do mandato recomendada pelo Conselho de Ética da Câmara, sofrerá amanhã (7) mais uma derrota, com a leitura do parecer contrário ao recurso que encaminhou à Comissão de Constituição de Justiça (CCJ). Como haverá pedido de vistas (prazo para análise), o relatório da deputada Denise Frossard (PPS-RJ) só deverá ser votado na semana que vem. Denise aponta a "total improcedência" do recurso de Wanderval. Se a CCJ confirmar a rejeição ao recurso, o deputado não terá mais instrumentos na Câmara para evitar a votação em plenário da perda de seu mandato. O único caminho possível será um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O deputado sustenta que deveria ter tido novos prazos para a defesa porque a razão principal da condenação não foi o fato que motivou a abertura do processo. Um assessor de Wanderval recebeu R$ 150 mil em dinheiro vivo do "valerioduto". O parlamentar defende-se, dizendo que não soube do saque, feito a mando do então deputado Bispo Rodrigues, também da Igreja Universal e superior a Wanderval a hierarquia religiosa. Wanderval diz que obedecia ordens de Rodrigues na Câmara e que orientou seus assessores a seguirem as ordens do líder.
Rodrigues, que já não pertencia mais à Universal, renunciou ao mandato depois que foi denunciado pelo ex-deputado Roberto Jefferson como um dos organizadores do "mensalão", pagamento a deputados da base governista.
O relator do caso no conselho, Chico Alencar (P-SOL-RJ), considerou que Wanderval feriu o decoro parlamentar ao "terceirizar o mandato" e, "por opção", submetê-lo ao Bispo Rodrigues. A deputada Denise Frossard sustenta que foi o próprio Wanderval quem revelou a "tese da submissão integral de seu mandato ao então deputado Bispo Rodrigues".
"Foi ele que trouxe o fato para os autos. Não foi a acusação. Não houve surpresa para a defesa. Antes do processo no Conselho de Ética, o deputado já tinha dito à Corregedoria da Câmara que se submetia ao deputado Bispo Rodrigues", disse a relatora hoje. O advogado de Wanderval, Marcelo Bessa, afirmou ter esperanças de que a CCJ rejeite o parecer de Denise Frossard o que é pouco provável. Bessa disse que vai aguardar a decisão final da CCJ antes de decidir se recorre ao STF.