O ex-assessor da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Fernando Godoy, pediu à direção da estatal o rastreamento de suas ligações para que possa apresentar à Polícia Federal e "sanar qualquer omissão que eventualmente possa ter sido feita", afirmou o advogado de Godoy, Antônio Perilo. Godoy foi indiciado ontem (7) por corrupção passiva e fraude em licitação da empresa.
Umas das secretárias de Godoy prestou depoimento à PF e informou que a agenda profissional do ex-assessor desapareceu no dia 16 de maio. A polícia comprovou a presença de Godoy nos Correios no sábado (14) seguinte à publicação das denúncias pela imprensa. Com dois registros de entrada na garagem da empresa, Godoy teria ficado cerca de três horas pela manhã e duas horas durante a tarde. Em seu depoimento, ele não soube explicar o que foi fazer nos Correios nesse dia.
Segundo o advogado, "a agenda que teoricamente desapareceu não era a agenda de trabalho. Tinha apenas informações de ligações que ele teria recebido e feito". Quanto à ida de Perilo à empresa naquele final de semana, o advogado afirmou que ele ia com certa regularidade trabalhar aos sábados, "mas não se lembra de ter ido exatamente naquele sábado".
O advogado disse ainda que o patrimônio de Godoy é compatível com a declaração de imposto de renda. Quando questionado sobre uma atividade paralela como corretor de imóveis, que não foi declarada, o advogado respondeu que a atividade é esporádica. "Uma vez ou outra, ele pratica essa corretagem de imóveis, mas ele já está fazendo as correções junto à Receita."
Uma gravação de vídeo deu origem às denúncias de um suposto esquema de corrupção envolvendo funcionários dos Correios. No vídeo de cerca de uma hora e 50 minutos, o diretor do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, cita nomes de pessoas que também estariam envolvidas no esquema de propina, entre eles do ex-diretor de Administração dos Correios, Antônio Osório Batista, do assessor da Diretoria de Administração da estatal, Fernando Godoy, e do presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), deputado Roberto Jefferson (RJ).