O presidente boliviano, Evo Morales, considera impor sua "revolução agrária" por meio de um decreto. Caso o Senado permaneça bloqueado pela oposição, Evo pode baixar a nova lei de terras – que amplia o poder do governo para fazer a reforma agrária – por conta própria. A informação foi dada hoje pelo porta-voz presidencial, Alex Contreras. Várias marchas de indígenas e camponeses chegaram hoje a La Paz para pressionar o Senado – paralisado após o oposicionista Poder Democrático e Social (Podemos) retirar seus 13 membros da Casa (que tem 27 cadeiras).
A oposição pressiona o Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo, a rever a forma de se votar a nova Constituição do país. O MAS quer votar cada artigo da nova Carta na Assembléia Constituinte por maioria simples. A oposição vê a manobra como golpista – pois o MAS domina 54% dos votos na Constituinte – e exige maioria de dois terços para cada artigo, conforme acordado anteriormente.
Governadores de seis dos nove Departamentos (Estados) bolivianos se reuniram hoje em Cochabamba para estudar medidas para pressionar o governo. Os responsáveis pelos Estados de Santa Cruz, Beni, Pando, Tarija, Cochabamba e La Paz ameaçam convocar "uma paralisação" contra a imposição do MAS na Constituinte.
O presidente Evo Morales, em viagem à Holanda, defendeu a nacionalização dos recursos naturais, mas lembrou que o país precisa de investimento estrangeiro, para "manter apostando em mudanças profundas" que resolvam os problemas sociais. Na quarta-feira, Evo volta à Bolívia, onde participará de manifestações de indígenas e camponeses para pressionar o Senado a aprovar a lei de terras. Depois o presidente segue para Nigéria e Cuba.