O mundo está entrando numa fria que pode ser evitada. O aquecimento global pode chegar a níveis muito perigosos dentro de poucas décadas, e não séculos, como sempre desejaram fazer crer aqueles países que colocam seus interesses econômicos acima dos de sobrevivência dos povos, em especial os mais pobres. O assunto é próprio para ser retomado agora, quando aqui no Sul do Brasil, com reflexos até na Amazônia, estamos enfrentando sucessivas frentes frias antecipadas, pois chegaram violentas, antes mesmo do início do inverno. As temperaturas abaixo de zero em finais de maio e começo de junho não ocorriam há muitos anos, assim como não aconteceram as recentes ondas de calor, os furacões, as tempestades, as enchentes e outros fenômenos que trouxeram ao Brasil e a vários outros países mortes e destruição. Tudo isto é causado pelo aquecimento global, resultante do excesso de carbono lançado na atmosfera por fábricas, veículos e outros bens que a humanidade criou e dissemina pensando que seriam produtores apenas de conforto e progresso.
Está na hora não só de controlar o aquecimento global com a substituição dos combustíveis fósseis e a produção de energia limpa, como por meio da mudança de hábitos das populações. Estas precisam poupar energia e até mesmo água para que não venham a faltar amanhã. Um amanhã que não atingirá apenas as futuras gerações, mas as que já estão convivendo conosco, de nossos filhos e netos.
Mudanças de comportamento são essenciais para frear e reverter o aquecimento global. Esta a opinião expressa em palestra realizada em Curitiba, recentemente, pelo belga Jean-Marie De Backer (vide O Estado do Paraná de 24/5/07), presidente da holding Carbon Management Consulting, organização que dá assistência a empresas na aquisição da certificação de créditos de carbono e mecanismos de desenvolvimento limpos.
O especialista belga ministrou palestra na Assembléia Legislativa do Paraná. Backer falou sobre as atividades humanas que aumentam a emissão de gases, conseqüência do aquecimento global e medidas para reduzir o efeito estufa e o mercado de crédito de carbono. ?O Protocolo de Kyoto está aí para reduzir a emissão de gás carbônico na atmosfera, por meio de acordos internacionais. Mas cada país deve investir em programas próprios. Existem vários exemplos, até mesmo do que cada pessoa pode fazer, como diminuir o tempo gasto no banho. É preciso mudar o comportamento. Isso também é uma questão de educação?, avaliou.
O momento é agora. O Brasil, que dá uma contribuição de grande importância quando desenvolve o mercado de seus combustíveis retirados de produtos vegetais, como a cana-de-açúcar, infelizmente mal começou a preocupar-se em criar um mercado para o álcool e outros energéticos limpos quando engolfou-se numa onda de escândalos que talvez até superem os que marcaram a primeira gestão de Lula. Descobrir as negociatas, estancá-las e punir os responsáveis é importante, mas não deve obstaculizar o andamento dessas gestões que já chegaram até a provocar reuniões entre o presidente brasileiro e o renitente Bush, dos Estados Unidos, país que mais polui e sempre se negou a aderir ao Protocolo de Kyoto.
Relatório da ONU insiste que os humanos precisam fazer cortes profundos nas emissões de gases nocivos nos próximos cinquenta anos para manter o aquecimento global sob controle, o que não significa que devemos esperar inertes a passagem desse tempo. É preciso agir agora mesmo. O relatório, já em sua terceira versão, considera as providências recomendadas bastante baratas. Para manter o aumento das temperaturas dentro da margem de 2 graus centígrados custaria apenas 0,12% do produto interno bruto anual. E que ninguém se engane. O frio dos dias de hoje não passa de uma contrafação dos demais fenômenos que nos atingiram nos meses passados e que espalharam medo, destruição e mortes. Cataclismos que certamente se repetirão, se não agirmos já e agora.