A Organização das Nações Unidas (ONU) não se restringe a interferir em ações políticas de países em crise, a pedir donativos ou a cobrar solidariedade. É uma instituição que também compra. No ano de 2004, por exemplo, adquiriu o equivalente a US$ 8 bilhões, abrangendo 19.223 itens entre produtos e serviços. Este cenário foi apresentado nesta quarta-feira (3) a empresários paranaenses, durante um encontro promovido em Curitiba pelo Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), por meio do Centro Internacional de Negócios (CIN). "É uma forma de informarmos as empresas paranaenses sobre a existência de mais esse caminho para comercialização no exterior", disse o coordenador geral de Novos Negócios do CIN, Henrique Ricardo dos Santos.
O evento foi realizado em parceria com o Ministério das Relações Exteriores, que criou, há dois anos, o Programa de Promoção das Exportações para o Sistema das Nações Unidas (PPE-ONU-MRE), justamente com a finalidade de orientar as empresas brasileiras sobre o processo de registro e cadastro para acesso ao mercado da ONU. De acordo com Wanja Nóbrega, chefe da Divisão de Informação Comercial do MRE, a participação do Brasil é muito tímida, "não chega a 1%". Em 2004 (o balanço de 2005 ainda não foi fechado), as vendas nacionais às Organizações Unidas foram de aproximadamente U$ 65 mil. "Muitos itens comprados coincidem com a pauta exportadora brasileira", argumentou Wanja, considerando este um dos principais motivos do estímulo à ampliação do espaço do País nesse mercado.
A estratégia parece estar dando certo. Em 2004, segundo a diplomata, havia três empresas brasileiras registradas na rede de agências do sistema da ONU, aptas, portanto, a participarem do processo de seleção. Nesta quarta-feira, conforme ela, o número havia subido para 354. Wanja comenta que não há projeções sobre percentuais de crescimento da participação brasileira, embora considere que esse desdobramento seja natural, a partir da conscientização dos empresários brasileiros a respeito deste espaço. "O empresariado brasileiro está preparadíssimo para esse mercado e é com esta crença que estamos desenvolvendo nosso programa", acrescenta.
O encontro em Curitiba serviu como preparação para a 31ª Reunião do Grupo de Trabalho de Licitação Inter-Agência das Nações Unidas (IAPWG), que será realizada de 5 a 9 de junho, em Belo Horizonte (MG), numa parceria entre o MRE e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Será uma oportunidade para os empresários brasileiros terem contato diretamente com representantes de cerca de 40 agências que atuam em todo o mundo na compra de produtos e serviços para a ONU. "É uma oportunidade muito interessante que os empresários paranaenses não devem deixar passar, porque a ONU está fazendo compras muito significativas", ressalta o coordenador do Conselho Setorial de Comércio Exterior da Fiep, Ardisson Naim Akel.
Ele lembra a grande variedade de itens que interessam a Organização das Nações Unidas. "É mercado em várias partes do mundo, para bens e serviços". A ONU compra, por exemplo, equipamentos agrícolas, equipamentos de telecomunicação, produtos para construção civil, alimentício, projetos de saneamento, serviços gráficos, tecnologia de informação, entre tantos outros. O sistema Fiep, por meio do CIN, possui mais informação aos empresários interessados, pelo site www.fiepr.org.br/cin.