A garantia de acesso aos medicamentos especiais de forma racional foi o principal enfoque da mesa redonda "Assistência Farmacêutica na Perspectiva dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas", realizada no fim da tarde de quinta-feira, durante o encontro "O SUS e o Judiciário no Paraná", promovido pela Secretaria do Estado da Saúde e a Procuradoria Geral do Estado.

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O protocolo do Ministério da Saúde contempla 101 medicamentos excepcionais de uso contínuo, com mais de 200 apresentações (fórmulas farmacêuticas com diferentes dosagens). O representante do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Paulo Picon, coordenador dos trabalhos de elaboração dos protocolos clínicos, destacou a necessidade de romper com a dependência dos médicos em relação à indústria farmacêutica, além de acabar com o controle inapropriado que a indústria detém sobre os critérios de valoração dos medicamentos.

Além disso, Paulo falou sobre os numerosos processos que chegam às Secretarias de Estado da Saúde, chamando a atenção para o risco de vida. "Esse risco deve ser justificado, dando oportunidade do exercício do contraditório, através de laudo médico", afirmou. Ele lembra que o medicamento deve se mostrar eficaz e seguro e que os protocolos existem justamente para dar essa garantia ao paciente. Na Austrália, é necessário mostrar que, além de seguro, o medicamento apresenta um valor possível de se pagar. "Esta é uma equação difícil, pois o custo da vida não é estimável. Porém, se os preços continuarem desta maneira, há risco de incapacidade de financiamento", acrescentou.

Ampolas

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Paulo apresentou algumas experiências do Rio Grande do Sul, como no compartilhamento de ampolas, evitando as sobras de medicamentos injetáveis. Ao invés de levar os medicamentos para casa, o paciente recebe a dose exata num centro de aplicação. O que sobra é reunido e destinado a outras pessoas, reduzindo a zero o índice de desperdício. A Central de Medicamentos do Paraná (Cemepar) pretende iniciar essa experiência já em 2005, com o interferon, medicamento utilizado para combate à hepatite C.

Também fizeram parte da mesa redonda o secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, e o assessor do Ministro da Saúde, Norberto Rech. "Caso não sejam estabelecidas regras mínimas, em pouco tempo todo o orçamento da saúde será destinado a compra de medicamentos", acredita o secretário. "Atualmente, os medicamentos especiais consomem 25% do orçamento. Em aproximadamente 8 anos, este percentual pode dobrar. A nossa preocupação é garantir o direito de maneira racional", concluiu.
O evento termina nesta sexta-feira (26) com o painel "A Atuação do Estado do Paraná no Cumprimento da Constituição Federal", contando com a participação do procurador do Estado do Paraná José Antonio Peres Gediel, o farmacêutico e diretor da Cemepar, Júlio Cezar Merlin, e a assessora jurídica da Secretaria da Saúde Vivian Feldens Cetenareski. 

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