Evangélicos elegem Rosinha Garotinho e 4 senadores

As eleições deste ano confirmam o crescimento do espaço ocupado pelos evangélicos na política brasileira. Além de eleger a governadora do Rio, Rosinha Garotinho (PSB), o grupo religioso conseguiu fazer, pela primeira vez, quatro senadores e manter o poder na Câmara dos Deputados e nas assembléias legislativas.

Não há cálculos ou estudos sobre o total de deputados federais e estaduais evangélicos eleitos, mas levantamento feito pela reportagem mostra que eles conseguiram eleger, pelo menos, sete deputados em São Paulo, seis no Rio, dois no Espírito Santo e três em Minas Gerais. O exemplo de maior sucesso dos religiosos é o Rio.

Além de Rosinha Garotinho, do marido dela, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PSB), e da governadora do Rio, Benedita da Silva (PT), os protestantes tiveram o segundo senador mais votado do Estado, Marcelo Crivella (PL), que recebeu 3,5 milhões de votos. O Estado também elegeu seis deputados federais: Bispo Rodrigues (PL), Arolde de Oliveira (PFL), Bispo Vieira Reis (PMDB), Pastor Divino (PMDB), Bispo João Mendes (PDT) e Pastor Almir (PL). ?No Rio, estamos mostrando força e conseguindo representar cada vez melhor nossos irmãos?, analisa Bispo Rodrigues, o mais bem posicionado dos evangélicos, que ficou em quarto lugar na lista dos mais votados  com quase 200 mil votos.

Mas o fenômeno não é apenas fluminense. Além de Crivella  bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), três protestantes também ocuparão cadeiras no Senado. São eles os senadores eleitos Marina Silva (PT-AC), Paulo Octávio (PFL-DF), e Magno Malta (PL-ES). Para Malta, apesar de pertencerem a partidos diferentes, a religião deverá acabar aproximando os quatro senadores.

?Temos identidade semelhante e, mesmo quando houver diferenças ideológicas e partidárias, acho que será mais fácil discutir entre colegas evangélicos?, diz.

Para o deputado federal eleito Gilberto Nascimento (PSB-SP), as vitórias evangélicas deste ano demonstram um crescimento significativo do grupo e a prova disso são os números conquistados pelos candidatos. ?O que vemos é irmãos sendo eleitos com milhares e milhões de votos. Isso é uma mudança clara e está provando as nossas conquistas?, analisa Nascimento, que ficou em oitavo lugar em São Paulo.

A pesquisadora Regina Novaes, do Instituto de Estudos da Religião (Iser), acha que o aumento do espaço ocupado por deputados, senadores e governadores evangélicos não pode ser visto como um retrocesso na política brasileira. Segundo Regina, apesar de o modelo republicano esperar que os eleitores usem critérios políticos para escolherem os representantes, a eleição de candidatos pela opção religiosa demonstra um fenômeno interessante e que pode ser visto com otimismo. ?É importante notar que essas pessoas que votam em evangélicos estão se manifestando e, muitas vezes, são pessoas que, até então, não se manifestavam em nenhuma outra entidade da sociedade civil?, afirma.

Ela traça uma diferença entre a influência da religião nas candidaturas do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PSB)  da mulher dele, a governadora eleita Rosinha Matheus (PSB) e de Crivella.  Segundo Regina, apenas no caso do senador eleito do PL do Rio, o uso da religião funcionou como principal arrecadador de votos. ?Ele é o real representante dos evangélicos e foi eleito como tal?, disse. Já Anthony e Rosinha Garotinho misturam populismo com religião. ?Nesses casos, o fato de ser evangélico ajuda, mas não determina, principalmente no caso de Rosinha, que repetiu em seu discurso a vontade de continuar o governo do marido.?

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