Europeus fazem lobby por seu modelo de TV digital

Brasília – Os europeus engrossaram hoje (1) o lobby sobre o governo brasileiro para escolha do seu padrão de TV digital. A comissária européia para a Sociedade da Informação e Comunicações, Viviane Reding, passou o dia nos principais gabinetes da Esplanada dos Ministérios com a tarefa de se contrapor à pressão aberta que o ministro das Comunicações, Hélio Costa, faz em favor da tecnologia japonesa. Segundo a Associação Brasileira da Radiodifusores (Abra), formada pela Bandeirantes, SBT e Rede TV, o padrão japonês é de interesse da TV Globo

A principal vantagem apresentada pelos europeus foi a possibilidade de ganho de escala, ou seja, a produção de aparelhos para um mercado mais amplo. O vice-presidente da Phillips do Brasil, Cesar Vohringer, afirmou que, se o padrão europeu for o escolhido, há condições de produzir rapidamente os aparelhos que convertem sinal digital em analógico, que seriam usados num período de transição. Por isso, a adoção da TV digital seria mais rápida

"O padrão europeu ainda é competitivo, dependendo, evidentemente, do que ele se propõe a oferecer", desafiou Hélio Costa, ao final de uma audiência na Comissão de Educação do Senado, quando novamente deixou clara sua preferência pelo padrão nipônico. "Espero que eles nos dêem algum outro motivo para pensarmos mais no sistema europeu." Há três tecnologias no páreo: a japonesa, a européia e a americana

O principal contato de Reding em Brasília foi uma reunião no Palácio do Planalto, com a presença dos ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Fazenda, Antonio Palocci, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, além do próprio Costa

Antes da reunião, Costa afirmou esperar que os europeus melhorem sua proposta. Segundo o ministro, é necessário que o padrão europeu melhore em alguns pontos, como a portabilidade, que é a recepção de imagens em um aparelho portátil, como o celular, e na mobilidade, que é a recepção de imagens em movimento, como por uma televisão instalada em um ônibus. Esses dois requisitos, na avaliação do ministro, são atendidos pela tecnologia japonesa

Viviane Reding começou seu dia na Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara. "O modelo é aberto e já conta hoje com a participação de mais de 50 países. Não se trata de um sistema proprietário, de uma única Nação, e permite que cada país parceiro desenvolva partes do sistema e os adapte às suas realidades", afirmou a comissária

Ela informou aos deputados que uma das ofertas a ser feita pelos europeus ao governo brasileiro é a possibilidade de o País participar do conselho gestor que define as políticas adotadas para o gerenciamento dos projetos de desenvolvimento desse padrão digital. "Trata-se assim de um sistema que não é imposto de cima para baixo, mas que cresce de baixo da cima e com a ajuda de todos os parceiros", definiu a comissária

Presente à reunião na Câmara, o vice-presidente da Philips ressaltou as vantagens econômicas da adoção do padrão europeu, mas ressalvou que a indústria de eletroeletrônicos manterá o seu interesse nessa indústria de TV digital "seja lá qual for o sistema escolhido pelo governo". Ele falou em nome de um grupo de empresas como Siemens, Nokia e Rohde & Schwartz

Além dessas vantagens, ele destacou também que o modelo aberto como o europeu permitirá o desenvolvimento da indústria doméstica de equipamentos e da pesquisa de soluções em softwares para melhor adaptação do modelo às necessidades do Brasil. "Existe aí também um mercado futuro para ampliar as exportações brasileiras de tecnologia", afirmou Vohringer.

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