Euro sobe a US$ 1,31 com pessimismo sobre o dólar

O dólar despencou para o menor nível em 19 meses frente ao euro e a mínima em quase dois anos contra o libra em Nova York, com o crescente pessimismo em relação à moeda facilitando a forte liquidação que tomou conta do mercado nesta sexta-feira, segundo analistas. Na máxima do dia, o euro atingiu US$ 1,3110, um nível que não era registrado desde abril de 2005. A libra alcançou US$ 1,9351, seu melhor nível desde dezembro de 2004.

A acentuada queda do dólar provocou a baixa de outros mercados, com as ações fechando em território negativo na sessão abreviada desta sexta-feira em Nova York: Dow Jones caiu 0,38%, Nasdaq recuou 0,23% e S&P-500 fechou em baixa de 0,37%. As bolsas européias também caíram em reação a queda acentuada do dólar. O índice pan europeu Dow Jones Stoxx 600 caiu 1,1% para 354,72 pontos. Ao mesmo tempo, a liquidação do dólar deu impulso de alta aos preços do ouro e da prata.

O que surpreendeu muitos analistas foi o fato do declínio do dólar ter ocorrido sem que um importante indicador, de inflação ou crescimento econômico, atuasse como catalisador para o acentuado movimento. "O gatilho para a alta do euro frente ao dólar através de US$ 1,30 durante a noite não foi baseado em qualquer indicador", observou Dustin Reid, estrategista de câmbio do ABN Amro em Chicago.

Uma chave para a disposição do mercado em ficar negativo no dólar é a crescente convicção de que o próximo movimento de política do Federal Reserve (banco central americano) será um corte no juro para estimular o crescimento econômico dos EUA. Uma redução do juro pelo Fed seria um claro sinal que o banco central estaria preocupado com a desaceleração da economia norte-americana. Isso também poderia levar o investidor a mudar seus investimentos baseados em ativos em dólar para outros denominados em moedas de retornos elevados. A taxa dos Fed Funds está atualmente em 5,25% ao ano.

Ao mesmo tempo, o Banco Central Europeu (BCE) tem dado sinais de que vai elevar sua taxa de juro básica novamente antes do final do ano, para conter a inflação e o crescimento excessivo, o que também pesou sobre o dólar. Há também crescentes preocupações de que os bancos centrais ao redor do globo deverão começar a diversificar de forma mais agressiva a composição das reservas internacionais para euro, em detrimento do dólar.

Nesta sexta-feira, a China alertou outros países que manter posições excessivas em dólar nas reservas pode não ser uma boa idéia. Wu Xiaoling, funcionário sênior do BC chinês, disse que a contínua fraqueza do dólar representa um risco para as reservas internacionais dos países do leste da Ásia, segundo reportou o Market News International.

Pode-se argumentar que a China, que possui uma gigantesca posição em dólar em suas reservas, deu um tiro no próprio pé ao dizer isso, por causa dos efeitos negativos sobre o dólar. Chris Turner, chefe de pesquisa de câmbio do ING Financial Markets, disse que os comentários da China mostram que a diversificação das reservas "ainda é um tema no mercado" e, portanto, trabalhou contra o dólar. O declínio do dólar nesta sexta-feira, disse, demonstra que "o dólar tem alguns sérios problemas caminhando para 2007". Turner citou os crescentes rumores de diversificação das reservas de bancos centrais e o alargamento do déficit comercial dos EUA.

Contudo, analistas do Brown Brother Harriman disseram que o dólar poderá se recuperar na próxima semana. "Ao invés de pular a bordo do que parece ser um expresso em direção sul para o dólar, os operadores devem estar melhor aconselhados a realizar algum lucro e esperar pelo próximo trem", segundo os analistas.

No fim da tarde em Nova York, o iene estava a 115,78 por dólar, de 116,20 por dólar ontem em Toronto; o euro estava a US$ 1,31, de US$ 1,2950 ontem em Toronto. As informações são da Dow Jones.

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