O euro atingiu nesta quinta-feira (12) a cotação de US$ 1,35 pela primeira vez em 27 meses, após os comentários do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean Claude Trichet, terem evidenciado o contraste entre as economias mais fortalecidas da Europa e a fragilidade econômica dos EUA. Em entrevista concedida após a autoridade monetária da zona do euro manter a sua taxa básica de juros em 3,75% ao ano, Trichet sinalizou que deve promover um aperto monetário em junho, após os recentes dados econômicos darem suporte às perspectivas de crescimento da zona do euro. Embora o mercado já tivesse precificado um aumento em junho, os comentários deram um pretexto para uma onda de vendas do dólar.
O movimento fez o euro superar os US$ 1,35 pela primeira vez desde janeiro de 2005, no final da manhã. Às 12h57, o euro já recuava e valia US$ 1,3486, reduzindo a alta para 0,16%. Em relação à moeda japonesa, o dólar cedia 0,42%, a 118,92 ienes. Segundo o chefe da área de pesquisa global de moedas da Calyon Corporate, Mitul Kotecha, a alta do euro era tanto o reflexo do enfraquecimento do dólar, como do fortalecimento do euro.
Além das incertezas sobre a economia ampla dos EUA, diante dos sinais de pressões inflacionárias, associados ao crescimento mais lento, há preocupação sobre uma guerra comercial entre o país e a China, após o governo norte-americano ter apresentado uma queixa contra Pequim na Organização Mundial do Comércio (OMC).
O estrategista sênior de moeda do Bank of New York, Michael Woolfolk, afirmou que "devemos levar em conta a tendência do dólar da última semana, e o fato é que o mercado tem estado predisposto a vender dólares". Ele acrescentou que vários níveis técnicos têm sido rompidos frente a diversas moedas, o que pode dar motivos adicionais para que o mercado desmonte posições em dólares.
O euro, por exemplo, atingiu 160 ienes esta semana, o que é um recorde, enquanto o dólar americano caiu abaixo de 1,15 dólar canadense no início do mês, o que não ocorria desde dezembro. "Isso não reflete o valor justo das duas moedas (euro/dólar), mas sim um movimento amplo de vendas do dólar", declarou.