EUA querem impor a Lula política econômica de FHC

O subsecretário do Tesouro dos Estados Unidos, Kenneth W. Dam, disse hoje que, para continuar tendo o apoio político e financeiro de seu país, o próximo presidente terá de manter uma política econômica semelhante à que o Brasil implementa hoje.

Dam disse que o governo americano pretende continuar trabalhando com o governo brasileiro, mesmo que o próximo presidente seja o atual candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.

Ele lembrou que a maior parte do empréstimo de US 30,4 bilhões concedido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), em agosto, será desembolsada ao longo do próximo ano. Mas alertou que o novo governo só receberá o dinheiro se cumprir as regras do jogo. Os desembolsos serão feitos a cada três meses:

– O Brasil obterá o valor total do empréstimo do FMI apenas se aderir a políticas sólidas, como a manutenção da prudência fiscal, e se der passos concretos para remover os obstáculos ao crescimento, como atual código tributário – disse Dam, em Miami, durante a Conferência das Américas, um evento promovido pelo jornal Miami Herald.

O subsecretário acrescentou que, em princípio, os Estados Unidos nada têm contra uma eventual vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva:

– Trabalharemos com quem quer que seja escolhido numa eleição democrática.  Se o senhor Lula vencer, trabalharemos com ele. E o faremos de uma forma séria, teimosa e amigável – afirmou.

Perguntado sobre a recente elevação dos juros de 18% para 21%, anunciada segunda-feira passada pelo Banco Central na tentativa de fortalecer o real e aliviar as pressões inflacionárias, Dam disse que o Tesouro americano confia nessa medida:

– Nós acreditamos que eles sabem o que estão fazendo. E essa foi, realmente, uma decisão deles.

Por sua vez, o secretário de Estado Assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Otto Reich, que participou do mesmo encontro em Miami, disse que os Estados Unidos continuarão procurando ajudar o Brasil a resolver os seus problemas econômicos porque é importante para todo o hemisfério ter um Brasil democrático e próspero.

Em referência ao possível resultado das eleições, Otto Reich acrescentou:

– A nossa capacidade de influenciar eventos não é tão grande quanto imaginam as pessoas, em especial quando estamos lidando com um país tão grande quanto o Brasil – disse.

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