Depois de alguns incidentes diplomáticos, os Estados Unidos adotaram um tom mais ameno em relação ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Em Quito, onde acontece a reunião do Comitê de Negociações Comerciais da Área de Livre Comércio das Américas (CNC-Alca), o negociador norte-americano Peter Allgeier disse que Washington prefere esperar para saber quais serão as posições de Lula em relação ao comércio internacional e à Alca.
O diplomata afirmou que ainda não se pode falar em isolamento brasileiro nas negociações. “Vamos dar um tempo ao novo presidente. Ele foi eleito há poucos dias. Nem tomou posse”, reiterou.
Allgeier disse que, apesar das recentes conversas entre Lula e a embaixadora dos EUA em Brasília, Donna Hrinak, a Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR) ainda não recebeu sinal sobre se Lula defenderá ou não a Alca.
Ao ser abordado por dois jornalistas brasileiros quando saiu de uma reunião, Allgeier disse: “Imprensa brasileira? Preciso tomar cuidado com o que vou falar sempre, mas especialmente com a imprensa brasileira.” A ironia foi motivada pelo destaque dado no Brasil a uma declaração de seu superior, o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Zoellick, segundo o qual os países que não quiserem a Alca podem comercializar, por exemplo, com a Antártida.
Foi um recado a Lula, que durante a campanha reiterou várias vezes que o Brasil não assinaria o acordo da Alca se forem mantidas as atuais condições de negociação. Lula, em reação às afirmações de Zoellick, disse que não responderia ao “sub do sub do sub do secretário dos EUA”. Zoellick, na verdade, tem status de ministro e seu escritório está ligado diretamente à Casa Branca.