A Etiópia concluiu seus preparativos para se defender de um possível ataque de militantes islâmicos da vizinha Somália, que declararam uma guerra santa contra o país, segundo afirmações do premier Meles Zenawi. A Etiópia, de maioria cristã, apóia o governo somali existente há dois anos, que não foi capaz de exercer qualquer influência real sobre o país. As Cortes Islâmicas da Somália, grupo cada vez mais poderoso, tem denunciado a interferência da Etiópia na disputa interna pelo poder na Somália. As Cortes islâmicas detêm o controle de boa parte do país, inclusive da capital, Mogadiscio.

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Meles, em discurso ao parlamento, disse que sua maior prioridade era evitar o conflito com os islâmicos, mas "nós não podemos simplesmente fechar os olhos ou olhar em outra direção." O governo "completou sua preparação", acrescentou. O premier não especificou quais os preparativos que o país fez, mas reconheceu ter enviado "assessores militares" à Somália, apesar de negar os vários relatos de que tropas etíopes estão no país vizinho. A Somália não tem um governo efetivo desde 1991, quando senhores da guerra depuseram o ditador e passaram a lutar entre si. A administração atual foi formada com o auxílio da Organização das Nações Unidas (ONU) há dois anos.

As Cortes Islâmicas, enquanto isso, têm ganhado bastante terreno desde a tomada de Mogadiscio em junho, e agora controlam também boa parte do sul do país. Os Estados Unidos acusam o grupo islâmico de abrigar suspeitos dos bombardeios de 1998 das embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia. A crescente tensão na Somália tem despertado o medo de que uma guerra regional possa ocorrer no Chifre da África. Experts têm alertado que o país pode se tornar um campo de batalha para a Etiópia e a Eritréia, rivais de longa data. A Eritréia, que apóia o grupo islâmico, se separou da Etiópia em uma guerra civil de 1961 a 1991, e lutaram uma guerra de fronteira entre 1998 e 2000.

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