Aviões de combate da Etiópia bombardearam diversas cidades da Somália na fronteira entre os dois países. Os povoados que foram atacados neste domingo (24) são controlados pela poderosa milícia islâmica somaliana. O bombardeio mostra uma escalada de violência que ameaça a instabilidade dos países do Chifre da África, segundo testemunhas e um responsável islâmico.
Os ataques aéreos atingiram a localidade de Belet Weyne, considerada estratégica, e várias aldeias a um raio de 20 quilômetros do local, segundo o xeque Mohamoud Ibrahim Suley, diretor da milícia Conselho de Cortes Islâmicas da Somália.
"Depois de muita paciência, o governo da Etiópia tomou uma atitude de autodefesa e começou a contra-atacar as forças extremistas do Conselho Islâmico e de grupos terroristas estrangeiros", afirmou o porta-voz para assuntos exteriores etíope, Solomon Abebe.
Esta é a primeira vez que a Etiópia reconhece que suas tropas estão travando uma ofensiva na Somália, apesar da presença, há semanas, no território vizinhos.
Ayunle Husein Abdi, morador de Belet Weyne que presenciou o ataque, afirmou que as aeronaves bombardearam uma importante estrada e um centro de recrutamento de milicianos.
O Conselho de Cortes Islâmicas prometeu expulsar as forças etíopes, país majoritariamente cristão, que oferece respaldo militar ao governo somaliano, apoiado pelas Nações Unidas.
Neste domingo, também foram reportados combates em outros povoados como Baidoa – única localidade controlada pelo governo – e o forte islâmico de Bandiradley, local usado como centro estratégico da milícia.
A Somália não tem um governo forte desde que dirigentes de grupos armados derrubaram o ditador Mohamed Siad Barre, em 1991, fato que deixou o país em situação de caos político. Desde junho as Cortes Islâmicas têm ganhado, causando a preocupação do surgimento de um regime semelhante ao Taleban, que se instalou no Afeganistão. Os Estados Unidos acusam o grupo rebelde de ter vínculos com a rede terrorista Al-Qaeda, fato negado pela milícia islâmica somali.
