É simplesmente vexatório, para circunscrever o tema recorrente à sua mais adequada configuração, atestar a abissal falta de compromisso histórico dos dirigentes do PDT, que subscreveram nota de solidariedade a Carlos Lupi, dublê de presidente da executiva nacional da legenda e ministro do Trabalho do governo Lula. Por conseguinte, haveria de constituir exercício deveras elucidativo, aferir criteriosamente o grau de menoscabo que tais dirigentes parecem devotar às origens do chamado trabalhismo no País.

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Essa foi a primeira vez que o partido foi chamado a se manifestar de modo oficial sobre o rumoroso questionamento dos aspectos éticos da permanência de Lupi no cargo de ministro de Estado, sem se afastar da direção do partido atrelado à base governista no Congresso. E o fez mediante nota de apoio irrestrito ao presidente, como se mesmo o mais obtuso dos observadores pudesse imaginar em tais circunstâncias que houvesse um gesto diferente.

O constrangimento gerado pelo acúmulo de cargos por parte de Carlos Lupi foi levado a Lula pelo então presidente da Comissão de Ética do Serviço Público, ex-ministro Marcílio Moreira. Semanas depois, o presidente Lula reputou como ?bobagens? o que se dizia a respeito do ministro do Trabalho, a quem brindou com o epíteto de ?mais republicano? que os demais inquilinos da Esplanada. Aliás, se houve alguém vilipendiado como servidor público de carreira exemplar, na pantomima armada pelo ministro pedetista, esse foi o demissionário presidente da Comissão de Ética.

A nota do PDT ressalta que o partido está inflado de justo orgulho pela presença de Lupi à frente do ministério em que ?desenvolve um trabalho em sintonia com os compromissos históricos defendidos pelos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart e reiterados por Leonel Brizola?. É lamentável constatar a ousadia com que os novos mentores do trabalhismo se reportam à sociedade, para mais uma vez falsear a verdade e consagrar, por essas bandas, a metodologia stalinista que mandou reescrever a história soviética para anular a participação de Trotski.

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No caso do ministro Carlos Lupi, a tentativa flagrante é pespegar à sua desconhecida biografia uma relevância política que não fez por merecer.