A Presidência da República acionou a Comissão de Ética Pública, cuja existência é de conhecimento de reduzida parcela da cidadania, para avaliar o comportamento de Marco Aurélio Garcia, assessor especial de Lula para assuntos internacionais, flagrado por um cinegrafista da Rede Globo ao fazer gestos obscenos após ter ouvido – na mesma emissora -, a primeira referência sobre virtual defeito mecânico no reverso direito do Airbus A320 da TAM.

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Em nota expedida pelo assessor presidencial, diante do estupor da sociedade e do paroxismo do sofrimento dos parentes das vítimas do maior acidente aviatório já ocorrido no País, Garcia suavizou o impacto do gesto emblemático de ambientes não aconselhados a gente de fino trato, afirmando ter assim reagido para mostrar de forma enérgica à oposição orquestrada o injusto açodamento de atribuir ao governo a ?culpa? da tragédia.

A comissão é presidida pelo ex-ministro da Fazenda Marcílio Marques Moreira, mas não tem a competência de punir os servidores faltosos e julgados merecedores de advertências, censura e, em casos extremos, a exoneração. Além de Garcia, também está sob o crivo do órgão a viagem feita aos Estados Unidos por Josef Barat, um dos atuais diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com passagens e hospedagem pagas por uma empresa privada.

O governo está às voltas com a necessidade de promover substituições urgentes na direção da Infraero e da Anac, pela atuação tíbia de ambas durante a crise do apagão aéreo que se agravou sobremaneira desde setembro do ano passado, com o choque entre o Boeing da Gol e o jato executivo Legacy, com a morte de 154 pessoas.

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No caso específico de Marco Aurélio, o próprio esclareceu ter colocado o cargo à disposição do presidente Lula, diante da repercussão negativa de sua atitude para o governo. O brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero, afiançou não haver nenhum problema em deixar o cargo, a qualquer momento.

Devido ao modelo jurídico, os diretores da Anac têm mandato até 2011 e, para demiti-los, o governo teria de mobilizar o Congresso para aprovar mudanças visando facilitar a situação. O ministro Nelson Jobim está examinando a questão.

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