O corpo de engenharia do DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes), diante do desabamento de setenta metros da cabeceira da ponte sobre o lago da represa Capivari-Cachoeira na BR-116, sentido Curitiba-São Paulo, prestou informações sobre o trabalho rotineiro das equipes especializadas no local. A conclusão é que o desabamento não foi causado por problemas técnicos.
A razão principal, segundo o DNIT, foi a chuva prolongada na Região Metropolitana de Curitiba, nas últimas semanas, e o deslizamento de terra junto aos pilares de sustentação da cabeceira da ponte.
Acidentes são acidentes, sobretudo quando estão relacionados com fenômenos climáticos, como é o caso, embora persistam a dúvida e muitas perguntas sem resposta. Uma observação judiciosa foi feita por Celso Ritter, superintendente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (Crea), ao assinalar que "ponte desse porte não cai de um momento para outro".
Ele lembrou as inúmeras advertências – sem providências concretas do governo – sobre problemas técnicos de engenharia detectados em vários trechos de rodovias federais no Estado, sem falar no péssimo estado de conservação, transformando simples viagem, para muitos, no encontro com a morte.
A posição manifestada pelo Crea é compartilhada pelo Instituto de Engenharia e Sindicato dos Engenheiros do Paraná, instituições sérias e merecedoras de plena confiança pela natureza das propostas públicas que têm apresentado.
Por mais expedito que tenha sido o DNIT na explicação do desabamento, a sociedade vê com assombro o quanto está à mercê da própria sorte, como o diligente motorista daquele caminhão tragado pelas águas depois de uma queda de 25 metros, cuja morte foi uma estupidez ilimitada.
O governo federal deve, sim, explicações urgentes e sérias. Ninguém agüenta mais tanta desídia.