Estudo apresentado pela consultoria Gás Energy na Rio Oil & Gás traça um cenário sombrio para o sistema elétrico brasileiro durante os próximos dois anos. Segundo o sócio-diretor da consultoria, Marco Tavares, já está faltando gás natural para geração térmica e a tendência é que a situação se agrave até 2009, quando o país começará a importar gás natural liquefeito (GNL).

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O especialista não fala em risco imediato de desabastecimento, mas diz que, sem as térmicas, o País caminha para a redução significativa dos reservatórios das hidrelétricas. "A alternativa é gastar água dos reservatórios, numa situação semelhante à de antes do racionamento de energia", comparou.

O estudo usa como base o Planejamento Mensal da Operação (PMO), elaborado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Segundo os dados disponíveis, o custo atual de geração já justificaria o uso de pelo menos quatro térmicas no País, que não estão sendo despachadas por indisponibilidade de gás, cenário que obriga o ONS a determinar a produção em usinas mais caras.

No ano que vem, diz Tavares, o Brasil precisará de 22 milhões de metros cúbicos de gás natural para geração térmica, caso os preços se mantenham no atual patamar. Mas, novamente, não haverá gás disponível para todas as usinas.

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Segundo ele, 2007 e 2008 serão anos críticos, já que a partir de 2009 o Brasil passará a contar, segundo a PetrobrAs, com 20 milhões de metros cúbicos de GNL por dia. Em 2008, segundo os cálculos da Gás Energy, o Brasil terá capacidade para abastecer apenas 32% da capacidade do parque térmico.

O presidente da Associação Brasileira de Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Romero de Oliveira Silva, calcula que haverá um déficit de 10 milhões de metros cúbicos em 2011. A conta diverge dos números da PetrobrAs porque esses não consideram o consumo interno da estatal, que deverá chegar a 21 8 milhões de metros cúbicos por dia nesse ano. Silva propôs a redução ou substituição do gás em instalações da estatal.

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O presidente da Abegás reclamou que as más notícias têm dificultado a captação de novos clientes pelas distribuidoras. "Como posso me comprometer a entregar 200 mil metros cúbicos para uma indústria?", perguntou, lembrando que grande parte das companhias do Nordeste está hoje sem contrato de suprimento com a Petrobras.