Brasília – Brasília – Proteínas encontradas nos seres vivos podem indicar alterações climáticas e antecipar acontecimentos ligados à elevação da temperatura. Essa é uma das conclusões apresentadas em um dos oito projetos preliminares de pesquisa sobre as mudanças climáticas e seus efeitos sobre a biodiversidade brasileira, divulgados nesta terça-feira (27) pelo Ministério do Meio Ambiente.

continua após a publicidade

De acordo com a pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), a temperatura, quando ultrapassa os limites suportados por um organismo, provoca a produção de proteínas ligadas à sobrevivência dos seres vivos, chamadas de "proteínas de choque térmico".

O coordenador do estudo, Adalto Bianchini, diz que essa reação pode indicar se determinada espécie resiste ou não a uma temperatura acima da média máxima da região costeira sul ? onde foi feito o estudo ?, que é de 27 graus. ?Nós não falaríamos em alterações depois de elas acontecerem. Nós daríamos subsídios para tentar prever o que aconteceria com a elevação da temperatura?, explica Bianchini.

Os pesquisadores analisaram a reação de cinco espécies encontradas na zona costeira do sul do país ? uma de marisco, uma de caranguejo, a corvina (peixe), o lagarto-de-dunas e o camundongo. O marisco foi o único que não resistiu ao ser submetido a temperaturas entre 30 e 33 graus, para simular um cenário de aquecimento mais moderado e um mais severo.

continua após a publicidade

Bianchini diz que isso não significa que apenas os demais seres são resistentes às mudanças climáticas. Ao contrário, para ele, isso afeta diretamente o ser humano, já que demonstra que os níveis inferiores da cadeia alimentar são os mais sensíveis.

?Então, não devemos nos preocupar porque os mamíferos não terão grandes problemas?", indaga o coordenador. "Devemos, porque a nossa base da cadeia estaria sofrendo. Na verdade, a preocupação é com os níveis inferiores da cadeia, que depois vão repercutir nos demais.?

continua após a publicidade

Ele destaca que, se as mudanças não forem contidas, algumas espécies poderão não se adaptar. ?Não vamos dar tempo para os animais e vegetais responderem na mesma velocidade com que as mudanças climáticas estão ocorrendo?. Essa pesquisa e as outras sete divulgadas nesta terça-feira são preliminares, ou seja, não têm caráter conclusivo.