Dos 100 municípios com maiores índices de desmatamento, 61 estão entre os que apresentam as maiores taxas de assassinatos no País segundo levantamento realizado pela Agência Brasil, que identificou a relação entre o desmatamento e a violência nos municípios da Amazônia Brasileira. A pesquisa cruzou os dados do Projeto Prodes (Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite) com o Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros realizado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI), com o apoio do Ministério da Saúde.
Segundo o autor do Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, Julio Jacobo, a ausência do poder público e a apropriação ilegal de terras são as principais causas da violência na região de desmatamento da Amazônia brasileira. Jacobo afirma que existe, sim, uma coincidência entre o arco do desflorestamento da Amazônia e o Mapa da Violência. "Dos 10 municípios mais violentos do Mapa da Violência, cinco ficam na região do Arco do Desflorestamento. Isso já é um bom indicador", avalia o pesquisador.
Segundo a Agência, entre os municípios que figuram nas duas listas, 28 estão no Mato Grosso, 21 no Pará, oito em Rondônia e dois no Maranhão. Os estados do Acre e Tocantins aparecem com um município cada. Além disso, entre os 100 mais desmatados, 16 estão também entre os 100 municípios com maior número de assassinatos, incluindo o 1º, o 5º e o 8º lugares dessa lista: respectivamente, Colniza, São José do Xingu e Aripuanã, os três em Mato Grosso.
Para o coordenador do Programa de Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (Isa), André Lima, a ausência do poder público é o fator determinante para que as áreas com maiores índices de desmatamento sejam também as regiões mais violentas da Amazônia brasileira. Lima ressalta que essa relação é bastante evidente já que nas áreas onde não existe o controle do Estado há uma ocupação ilegal e, conseqüentemente, uma maior violência.
"Essa ausência não é só uma ausência ostensiva, mas ausência em oferecer saídas e estratégias de desenvolvimento que incorporem a população local e que reorientem e ordenem o uso do território", explica.