Estudo mostra que Bolsa Família dinimuiu em um terço a desigualdade

Brasília – O programa Bolsa Família, que transfere renda para famílias que ganham até R$ 100 mensais por pessoa, foi responsável pela queda de um terço na desigualdade no Brasil entre os anos de 2001 e 2004. O mercado de trabalho teria sido o responsável pelos outros dois terços de queda na desigualdade, segundo estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que deverá ser concluído em agosto.

De acordo com a pesquisa, a desigualdade caiu por ano em média 0,7 ponto percentual do Índice de Gini, coeficiente calculado pela Organização das Nações Unidas (ONU) que mostra o grau de desigualdade a partir da renda per capita.

"Isso parece pouco, mas não é. É uma queda grande. Para você ter uma idéia do que essa queda representa, os 30% mais ricos perderam renda. Já os 20% mais pobres estão ganhando renda a uma taxa de quase 7% ao ano, ou seja, para a população mais pobre, é como se eles estivessem morando na China, uma economia que cresce nessa velocidade", afirmou o pesquisador Sergei Soares, do Ipea.

O economista do Ipea Marcelo Medeiros, membro do Centro de Estudos da Pobreza, disse que a perda de renda dos mais ricos provoca redução da desigualdade, mas é uma maneira indesejável de conseguir essa redução. "Já aumentar a renda dos mais pobres diminui a pobreza, reduz a desigualdade e é a forma desejável para que isso aconteça", enfatizou.

De acordo com Medeiros, a educação é uma política de longo prazo que ajuda a combater a desigualdade social. Ele disse que o governo "deve dar o peixe enquanto ensina a pescar". Para o economista, programas de transferência de renda como o Bolsa Família devem continuar por décadas, antes de alcançarem os resultados desejados.

O representante do Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Governo do Reino Unido (DFID), Jean Louis Warholz, lembrou que, nos países desenvolvidos, como os da Europa e os Estados Unidos, o foco não é tanto reduzir a pobreza em si, mas dar oportunidades iguais para que todos tenham condições de crescer economicamente.

"Os países europeus e os EUA não se preocupam tanto em igualar a renda, mas em dar a mesma oportunidade para todos", afirmou.

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