Rio – O câmbio continua excluindo empresas, especialmente de médio porte, da lista das exportadoras brasileiras. José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), disse que, no acumulado de janeiro a março, 681 empresas deixaram de exportar no País. Por outro lado, o número de empresas importadoras, também influenciado pelo dólar, cresce aceleradamente.
No caso das exportações, a maior parte da perda no número de empresas ocorreu na faixa das empresas que exportavam em torno de US$ 400 mil, ou seja, no universo das médias empresas, o que aumenta a já elevada concentração das exportações brasileiras em grandes negócios.
Segundo Augusto de Castro, o número de empresas exportadoras vem caindo desde março do ano passado e a tendência prosseguirá ao longo deste ano. "A taxa de câmbio está anulando os esforços do governo de ampliar a base exportadora do País, a taxa de câmbio inviabiliza resultados para as iniciativas de promoção feitas pelo governo", disse.
Para Augusto de Castro, a perspectiva é que o processo de concentração das empresas exportadoras e desconcentração das importadoras se intensifique ao longo de 2006. "Não há perspectiva de mudança da taxa de câmbio, seja por causa dos elevados superávits e ingresso de capital no Brasil ou pela aproximação das eleições, já que o câmbio ajuda a segurar a inflação", avalia, acrescentando que "nós estamos exportando emprego e importando desemprego".
Importadoras – O vice-presidente da AEB reuniu dados que mostram que, com a queda persistente do dólar frente ao real no primeiro trimestre deste ano, 971 empresas passaram a integrar a estatística das empresas que importam no País, somente no acumulado de janeiro a março. Em todo o ano de 2005 apenas 208 novas empresas passaram a ser importadoras.
"O aumento no número de empresas importadoras mostra claramente que as empresas brasileiras passam agora a buscar nas importações uma forma de reduzir custos, através da substituição de produtos nacionais por importados", disse Augusto de Castro.
Ele atribui esse movimento exclusivamente ao câmbio e avalia que a tendência deverá persistir até o final deste ano. Segundo ele, o aumento nas importações está ocorrendo na faixa das empresas que importam em torno de US$ 40 mil, ou seja, nas empresas de menor porte, num movimento também contrário ao que vem ocorrendo do lado das empresas exportadoras.