Estudantes querem campanha contra transformação do ensino em mercadoria

Caracas ? Fundada em 1966, a Organização Caribenha e Latino-Americana dos Estudantes (Oclae) quer marcar o seu aniversário de 40 anos com uma campanha. O principal alvo, segundo o secretário executivo da organização, o brasileiro Rubens Diniz, é a transformação do ensino em mercadoria.

"Muitos acordos comerciais assinados pelos países colocam a educação sob a lógica da disputa comercial", afirma Rubens Diniz. Ele cita como exemplos o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, pela sigla em inglês) e o acordo bilateral entre Estados Unidos e Chile.

Esses acordos, segundo Diniz, determinam que a educação é um setor comercial que, como os outros, não pode oferecer barreiras a investimento estrangeiro. E, de acordo com ele, levaram universidades dos Estados Unidos a entrarem com processo no Nafta acusando as universidades públicas mexicanas de concorrência desleal, por serem gratuitas. Diniz afirma que o processo não seguiu, mas que mostra o perigo que ocorre com a assinatura desse tipo de acordo. "A lógica da mercantilização gera muitas distorções", afirma, referindo-se ao fato de o Chile ter 7% de suas matrículas universitárias registradas em cursos de ensino à distância.

Rubens Diniz observa que muitos desses cursos são sediados nos Estados Unidos ? como a Universidade Phoenix, que é uma das empresas mais rentáveis do país ? mas seus diplomas cedidos no exterior não são reconhecidos nos EUA.

Para enfrentar o problema, a Oclae prepara uma campanha para este ano contra a mercantilização do ensino. Deve ser a principal atividade da organização em seus 40 anos de existência. As atividades para comemorar a data, em 11 de agosto, foram o tema da reunião da secretaria-geral da Oclae, ontem (22), em um edifício do Colégio dos Médicos, na zona leste caraquenha.

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