A queda da ponte sobre o lago da represa Capivari-Cachoeira, na BR-116, além da carga de indignação coletiva quanto ao genérico abandono em que se encontram as obras de infra-estrutura rodoviária, despertou na sociedade o sentimento de reivindicação urgente de providências, não meramente paliativos a que o governo lança mão quando se vê acuado. A sociedade vai cobrar.
Rodovia das mais importantes do País, vital para o escoamento da produção industrial e agropecuária do Mercosul, é inaceitável a situação ora vigente de limitação do trânsito de veículos pesados ou da suspensão temporária de sua utilização no trecho Curitiba-São Paulo.
A medida drástica seria tomada diante da possibilidade do desabamento da segunda ponte e outras na mesma estrada, bem como da total impraticabilidade de dezenas de pontos críticos nos seus 400 quilômetros. A Régis Bittencourt foi construída a toque de caixa para substituir a longa e acidentada via de ligação São Paulo-Paraná, a antiga Estrada da Ribeira, cujo percurso demandava, às vezes, até 16 horas de viagem.
É vergonhoso constatar, mas ainda hoje a BR-116 não se encontra inteiramente duplicada, embora rios de dinheiro tenham sido carreados para as infindáveis obras.
Um dos emblemas da incúria administrativa e descaso cruel com os pagadores de impostos ocorreu durante o governo Sarney, quando o deputado Ulysses Guimarães assumiu interinamente a presidência. Os governadores estaduais Orestes Quércia e Alvaro Dias foram convocados para a assinatura da ordem de serviço do término das obras de duplicação.
Ulysses assinou a ordem de serviço em Juquitiba, na Grande São Paulo, que apresentava a horrenda estatística do maior número de mortos por atropelamento em proporção à população. Todos vitimados pela estrada assassina, depois de tantos anos, ainda não duplicada e mortífera.
