A estiagem que castiga o Sul do País vai comprometer o abastecimento de pescados
durante a Semana Santa. "Por questões religiosas, o consumo de peixes aumenta
100% na Páscoa, mas não haverá oferta suficiente para atender a demanda por
causa da seca no Sul", afirmou o gerente executivo regional Sul da Secretaria
Especial de Aquicultura e Pesca (Seap) da Presidência da República, Luis Alberto
de Mendonça Sabany. "Muitos produtores que sempre aproveitaram a Semana Santa
para conseguir uma renda a mais com a comercialização de tilápias e carpas desta
vez não poderão contar com os recursos."

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A região Sul responde por um
quarto (256.900 toneladas) da pesca total de um milhão de toneladas no País. Os
dados são relativos a 2002 e foram apurados pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). "A água é insumo essencial
para a atividade. Num período de estiagem como o atual, é muito difícil captar
água para os tanques e mesmo fazer a captura nos rios", comentou. Ele enfatizou
que a pesca no rio Uruguai está praticamente interrompida por causa da
diminuição do volume de água.

De acordo com Sabany, cerca de cinco mil
famílias de 70 municípios gaúchos vivem da pesca artesanal, ou seja, em rios
(captura dos estoques públicos). "Para esse grupo, a perda de produção estimada
é de 60% a 65%", calculou o técnico. Na piscicultura (criação de peixes em
tanques ou açudes) as perdas oscilam entre 40% e 50%. Esse grupo perdeu mais com
a estiagem, pois engloba um universo maior de produtores. Em cerca de 250
municípios atingidos pela seca no Rio Grande do Sul há aproximadamente 12 mil
piscicultores.

O governo federal também está preocupado com a situação em
Santa Catarina, onde cerca de 3.900 famílias vivem da pesca. Desse total, 1.200
são produtores comerciais. "Informações preliminares mostram que em 20% das
propriedades houve mortalidade total ou parcial dos peixes. Em 75% há perdas
decorrentes da seca", comentou. Amanhã (12) o gerente se reúne com produtores e
representantes do setor pesqueiro para avaliar os prejuízos causados pela seca.
A reunião será em Chapecó, no oeste de Santa Catarina.

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A idéia é entregar
um relatório sobre a situação à Casa Civil e ao Ministério da Integração
Nacional na segunda-feira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu urgência
na entrega do relatório, contou Sabany. Ele disse que o governo pode antecipar a
liberação de seguro de emergência aos pescadores da região Sul. "Sem essa ajuda,
as famílias dos pescadores não têm como sobreviver", comentou. A medida é
adotada em casos extremos.

No final do ano passado, quando ocorreu a
explosão do navio Vicuña, de bandeira chilena, no porto de Paranaguá, houve a
liberação do seguro. A explosão resultou em estragos ambientais e impediu a
atividade pesqueira na região. Também não está descartada a rolagem de dívidas
do setor que vencem neste ano.

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