Integrantes do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), da organização Via Campesina e representantes de 11 ministérios coordenados pela Casa Civil vão participar de uma reunião amanhã (15), a partir das 14 horas, para encontrar formas de amenizar o impacto da estiagem na região Sul.
De acordo com o coordenador do MPA, Áureo Scherer, as organizações civis farão quatro solicitações ao governo federal. A principal, segundo ele, é a definição de quais municípios estão oficialmente em estado de emergência. Eles também pedem um posicionamento sobre o valor do fundo de emergência a ser repassado a estas localidades. "Precisamos receber este repasse rapidamente porque as famílias no meio rural estão começando a passar fome", explica.
A terceira solicitação depende de acordos bancários. Os agricultores querem prorrogar para 13 anos o prazo de pagamento das dívidas feitas para financiar a plantação e colheita da lavoura. "Queremos três anos de carência e 10 anos para o pagamento efetivo. Não queremos anistia. Apenas o alongamento", avalia Scherer.
Os agricultores também pedem a prorrogação do pagamento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) – linha de crédito especial – que soma R$ 800 milhões. "Queremos aumentar para um ano este prazo e assegurar um bônus de adimplência de R$ 500 por operação", conta o coordenador.
Segundo ele, os integrantes do movimento estão confiantes e acreditam que, após as diversas reuniões feitas na última semana, o assunto será definitivamente resolvido amanhã. No entanto, não demonstram o mesmo entusiasmo para a solução dos conflitos no âmbito estadual.
"Temos uma pauta com o governo do estado que está protocolada. Mas o governador Germano Rigotto continua estimulando as isenções fiscais para as grandes empresas ? como a Gerdau e GM ? e concedendo somas vultosas de dinheiro em concessões de impostos. Mas permanece cego, surdo e mudo para os pequenos agricultores e não anunciou nada para as mais de 400 famílias que estão sendo atingidas pela estiagem", afirma o coordenador do movimento.
Segundo Scherer, a atitude do governador do Rio Grande do Sul motivou a manifestação das entidades. Estas organizações vão montar um acampamento em frente ao Palácio Piratini a partir de hoje. "Vamos exigir medidas por parte do governo do Estado", conclui.
A seca que atinge a região Sul do país é pior dos últimos 40 anos. A maior parte dos municípios afetados já decretou situação de emergência. A estimativa do governo é de que 200 mil agricultores perderam mais de 60% da safra de grãos, principalmente milho, feijão e soja.