O Paraná enfrenta o terceiro ano consecutivo de estiagem e também sofre com os baixos preços pagos por sua produção agrícola em decorrência da desvalorização do dólar, mas esses fatores não impedem, segundo o secretário da Agricultura, Newton Pohl Ribas, que o Estado continue sendo o primeiro produtor de grãos do País. De acordo com o 8º levantamento da Safra 2005/06 de Grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), referente ao mês de julho, o Paraná vai produzir 24,76 milhões de toneladas de grãos. Dados da Conab mostram que o Paraná vai produzir 10% a mais de grãos nesta safra, enquanto a produção do Mato Grosso, segundo produtor, ficou 13% menor.
O Paraná, na safra 2005/06, continuará a ser o maior produtor de milho, trigo, feijão e aveia. Responderá por 26% da produção nacional de milho, 58% da safra de trigo, 20% do total de feijão colhido e 76% da aveia produzida no Brasil. O Estado será o segundo produtor de soja, com 18% da produção brasileira, e o segundo que mais produz cevada, respondendo por 42% da produção nacional.
O chefe do setor de Previsão de Safras da Secretaria da Agricultura, Dirlei Manfio, disse que nesta safra o Paraná plantou uma área 18% maior de milho, cujo hectare plantado rende o dobro do que é produzido nas lavouras de soja, que teve sua área de plantio reduzida em 6%. Isso compensa no total geral de grãos colhidos.O Paraná deverá colher 9,29 milhões de toneladas de soja e cerca de 8 milhões de toneladas de milho.
A cultura mais afetada no momento é a do trigo. Já em ritmo de redução da área plantada devido à falta de compradores e ao preço baixo, a produção do trigo paranaense em razão da seca deve cair de 2,23 milhões de toneladas para 1,79 milhão de toneladas. Em 2005, o Paraná colheu 2,8 milhões de toneladas, 36,1% a mais do que deve colher agora.
Segundo o chefe do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura, Paulo Roberto Meira, os prejuízos causados pela estiagem poderiam ser maiores se os agricultores do Estado não fizessem o manejo adequado de solo e água em suas propriedades, além do uso das tecnologias corretas. "O plantio direto na palha, a conservação de solos, a proteção das fontes de água e matas ciliares, o uso de sementes adequadas, a aplicação de defensivos com orientação técnica, a obediência ao zoneamento agrícola, os cuidados no momento de colher e durante o armazenamento, a busca do melhor momento para a comercialização, entre outras ações, possibilitam que, apesar dos reflexos da seca, o Paraná seja o maior produtor de grãos", comentou.
De acordo com a chefe da Divisão de Estatísticas, Gilka Cardoso, os prejuízos na agricultura devido a estiagem somam até agora 5,12 milhões de toneladas . Pelos cálculos do Deral nesta safra deixarão de circular no Paraná, R$ 1,86 bilhão.
Na primeira semana de agosto, a Secretaria divulgará a nova previsão de safra para o Estado.
De acordo com o Instituto de Meteorologia Simepar, nos meses de julho e agosto chove menos em relação aos demais meses do ano. A previsão é que a estiagem em algumas regiões do Paraná se estenda até o início do segundo semestre.