Ao contrário da grande maioria dos agricultores, Eliel dos Santos Silva não tem do que reclamar. Ele planta 26 variedades de hortifrutigranjeiros no distrito Selva, em Londrina, em uma área de 6 hectares. O produtor vende o que produz para supermercados, sacolões, e o Ceasa a um preço que possibilita pagar as contas e pensar em aumentar a produção no futuro. O segredo? Irrigação. ?Minha produção sempre foi irrigada. No começo era com um regador de mão mesmo. Depois era na mangueira e hoje temos um sistema integrado. É só apertar botão?, brinca Eliel. A propriedade é 100% irrigada graças a uma nascente na propriedade, que garante água em abundância a baixo custo. O gasto maior é com energia elétrica, o que é compensado pela irrigação noturna, que é mais em conta.
Quando o assunto é seca, a maior preocupação de Eliel é com o nível de água da nascente, bastante abaixo do normal. ?Eu irrigo a terra a cada três ou quatro dias e sempre a noite para a umidade permanecer mais tempo no solo. Preciso controlar porque senão fico sem água?, explica o produtor rural. Fora isso, o agricultor garante que a falta de chuva é benéfica para a lavoura. ?Com a irrigação em consigo controlar a quantidade certa de água para a planta, evitando fungos e outras doenças decorrentes do excesso de umidade?, acrescenta Eliel. ?É claro que eu torço para a chuva, senão todo mundo vai ser prejudicado. Mas, por enquanto, para mim está bom?, afirma o produtor.
Segundo o pesquisador do Iapar Rogério Faria, o agricultor que pensa em irrigar a lavoura precisa levar em conta dois fatores. ?É preciso ter água em abundância e plantar culturas que compensem financeiramente?, diz Faria. De acordo com ele, ?a quantidade de água necessária para a irrigação, em um dia de verão, chega a até 70 mil litros por hectare, ou 7 litros por m2?. Conforme a temperatura diminui, reduz também a necessidade de água, mas os números são altos mesmo para o período do inverno. Outra questão importante envolvendo a água, de acordo com Faria, é a obrigatoriedade de uma autorização do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para o agricultor captar água de mananciais, córregos e ribeirões.
Além da abundância de água, o agricultor deve levar em conta o custo para instalação de um sistema de irrigação Segundo ele, ?os equipamentos de irrigação custam muito caro, o que torna a atividade inviável em alguns casos. Na região de Londrina, a irrigação vale a pena para o plantio de hortaliças e frutas?. Em outras localidades, Faria recomenda a irrigação para a produção de sementes, que tem um alto valor agregado e não pode ter perdas. ?Quando ele planta é um material caro, por isso tem que ter retorno e para isso não pode estar sujeito às variações climáticas?, diz o pesquisador. Ele acrescenta dizendo que ?o produtor de sementes deve ter um sistema de irrigação para assegurar a produção de sementes para a safra seguinte?.
O pesquisador calcula em R$ 5 mil por hectare, em média, o custo de implantação do sistema de irrigação. A variação é de acordo com o tipo de irrigação localizado, aspersão ou inundação, a distância da fonte d?água, o relevo e até o formato da área as áreas quadradas são mais baratas. Para calcular corretamente a relação custo X benefício, Faria recomenda a realização de um pré-projeto, que vai verificar a viabilidade técnica e econômica da irrigação, e um projeto para escolher o sistema de irrigação mais apropriado. ?Algumas culturas não podem molhar a copa porque dá muita doença. Neste caso, deve-se fazer a irrigação por aspersão ou gotejamento, que, por sua vez, não serve para as foliosas que tem um espaçamento muito estreito. Então, é preciso avaliar caso por caso para não cometer erros?, esclarece o pesquisador. (Iapar)
